Por Rany Veloso
O relator da CPI da Pandemia, Renan Calheiros (MDB-AL), pediu que fosse votado ainda hoje o pedido de convocação do ministro Onyx Lorenzoni, da Secretaria de Governo, para dar explicações sobre a fala intimidatória aos irmãos Miranda, que trouxeram a tona denúncia de irregularidades no contrato de compra da Covaxin, e serão ouvidos amanhã (24) pela comissão. "Se o ministro reincidir, vamos requisitar a prisão dele", avisou o relator que vê o crime de coação de testemunha, segundo ele, na tentativa de atrapalhar a investigação. O ministro se posicionou representando o governo nesta quarta-feira (23) e pediu investigação à Polícia Federal sobre os irmãos. Lorenzoni afirmou que o documento do servidor do Ministério da Saúde, Luiz Ricardo Miranda, é falso.
Calheiros também pediu ao presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), a proteção através da Polícia Federal, da testemunha Francisco Maximiano, diretor-executivo da Precisa Medicamentos, que estava com depoimento marcado nesta semana, mas foi adiado por pedido do representante da empresa alegando estar de quarentena. O relator chegou a comparar o caso com o do miliciano Adriano da Nóbrega, assassinado após denúncia do caso das rachadinhas na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). "Devemos garantir segurança de vida do representante da Precisa Medicamentos, empresa atravessadora que teria levado R$ 500 milhões em um contrato do governo (...) Para não ocorrer o que aconteceu com Adriano da Nóbrega", chamou atenção.
Mas logo em seguida o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), rebateu a fala do relator dizendo que Maximiano não precisa de proteção policial e que não tem motivo para comparar com o caso do Adriano da Nóbrega.
O presidente Aziz disse que vai perguntar ao advogado do diretor da Precisa, se a testemunha está sofrendo risco de vida, afirmando que pediu proteção aos irmão Miranda nesta quarta, porque foi avisado por eles. Além disso, o presidente perguntou à Polícia Federal se tinha pedido de Bolsonaro para investigar a compra da Covaxin.
Integrante da tropa de choque do governo, Marcos Rogério (DEM-RO) disse que esse caso é a maior fake news no âmbito da CPI. O senador foi informado nesta manhã em reunião no Palácio do Planalto com Onyx Lorenzoni que ao saber da suposta irregularidade, Bolsonaro teria levado o assunto a Pazuello, que na época, disse que não tinha problema no contrato.
Nesta semana, o deputado federal Luís Miranda (DEM-DF), procurou a CPI para apresentar a denúncia de pagamento antecipado na compra da Covaxin em um cenário de pressão política. Aziz que estava na ante sala da CPI, onde recebeu o deputado, afirmou que Miranda declarou: "eu tenho provas e vou derrubar essa República".