Por Rany Veloso
Diante de polêmicas e disputa política sobre a paternidade da obra do viaduto da ladeira do Uruguai, inaugurado ontem (03) em Teresina, a coluna procurou os envolvidos no tema para saber a verdade.
Em Brasília, o senador Marcelo Castro (MDB-PI), disse que o "pai" não é nem ele e nem o ex-senador Elmano Férrer e sim o ex-deputado Fábio Abreu, a quem mencionu como "autor intelectual". "Se for pra responder objetivamente o pai dessa obra se chama Fábio Abreu", afirmou ao lembrar também que destinou mais de R$ 100 milhões à obra e à BR-343.
Já Elmano elaborou um vídeo com vários recortes na época para comprovar que foi ele quem assinou a ordem de serviço para dar início à obra, ao lado do então ministro da Infraestrutura Marcelo Sampaio, em maio de 2022. Elmano destinou mais de R$ 19 milhões. A coluna também recebeu as fotos da data, que já haviam sido publicadas neste mesmo espaço no dito ano.
Por sua vez, Marcelo Castro, em entrevista à coluna, explicou como a ideia surgiu (vídeo completo abaixo).
"Ele [Fábio Abreu] ia botar emenda de bancada dele, impositiva, para fazer a obra. Eu o convenci a não colocar. Para ele colocar na estrada que é de Teresina a União, Miguel Alves a Porto, e que eu iria lutar para conseguir os recursos para botar para esta obra [da ladeira do Uruguai]. Então, nós apresentamos uma emenda de bancada, quer dizer, quando a emenda de bancada é de toda a bancada, mas a ideia foi do Fábio Abreu".
O ex-deputado federal Fábio Abreu confirmou à coluna a versão de Marcelo Castro. Abreu havia destinado inicialmente a sua emenda individual à obra, mas como se trata de uma obra federal foi convencido por Castro a alocar recursos para as estradas do Piauí, porém com um compromisso.
"A indicação foi minha, mas saiu do Orçamento Geral da União (...) O valor correspondente à obra do rebaixamento foi indicado pelo Marcelo, mas como uma cota minha, é essa a versão que existe".
O senador Marcelo Castro estava em Brasília ontem (03), mas foi a Teresina e voltou no mesmo dia para a inauguração da obra junto com o ministro dos Transportes Renan Filho. Primeiro porque a obra é uma das maiores de infraestrutura da capital nos últimos anos. E depois, porque segundo ele, foi o que mais destinou recursos.
A análise do parlamentar do MDB é que ele soube aproveitar a presidência e a relatoria da Comissão Mista de Orçamento (CMO) para enviar mais de R$ 100 milhões a esta obra e à BR-343, mas que não fica "garganteando" que é um dos responsáveis pelas maiores obras do Piauí.
"Como presidente da Comissão de Orçamento, eu coloquei R$ 29 milhões. E para conclusão, eu havia colocado, como relator-geral do orçamento em 2022, coloquei R$ 87 milhões para a BR-343, que este viaduto é na BR-343 (...) Os recursos que foram para construir a obra, na sua quase totalidade ou na sua imensa maioria, foi colocado por mim".
Castro mencionou a participação de Elmano Férrer na obra, que desde o início avocou para si o feito. Mas de acordo com Marcelo, Elmano não é o pai desta obra, mas sim de outro viaduto importante do contorno rodoferroviário de Teresina e boa parte de outra BR importante, a 316, que liga Teresina a Demerval Lobão.
"O Elmano é um bom companheiro, foi um bom colega aqui, colocou recursos para o viaduto do Mercado do Peixe, ali 100% foi recurso do Elmano".
Castro lembrou outro episódio que provocou discussão em torno de paternidade de obra ainda no governo Bolsonaro, de quem Elmano era aliado. Marcelo disse que nem citaram o seu nome na ocasião.
"A ponte sobre o Rio Parnaíba em Santa Filomena, eu que coloquei R$ 17 milhões para concluir a ponte, que o Bolsonaro foi inaugurar, discursaram lá para o lado e para o outro, não citaram nem o meu nome, mas tudo bem, não me incomodo com isso. E agora, nós estamos fazendo a ponte sobre o Rio Parnaíba, em Ribeiro Gonçalves, que dá acesso a Tasso Fragoso no Maranhão, que eu coloquei agora R$ 21 milhões de reais para concluir esta ponte também sobre o Rio Parnaíba".