Por Rany Veloso
A discussão sobre a instalação ou não da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar o escândalo de corrupção MEC (Ministério da Educação) tomou conta do Congresso Nacional. Nesta terça-feira (05), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), disse que só instalará a comissão após período eleitoral. Os deputados do Piauí se dividem sobre o andamento ou não da CPI.
Átila Lira (PP), que é da base do governo Bolsonaro, diz que Pacheco será "reprovado" se instalar CPI em ano eleitoral. Isso porque na visão dele a Comissão serviria de palanque eleitoral para tentar desgastar a imagem de Bolsonaro.
Já Flávio Nogueira (PT), da oposição, acredita que o governo já foi manchado [pela corrupção] e o discurso de incorruptível caiu por terra. O parlamentar ressalta que Milton Ribeiro, o ex-ministro do MEC, acusado de corrupção, tráfico de influência, prevaricação e advocacia administrativa, ficou conhecido, mas não pelo trabalho que fez, mas pelas denúncias que pesam sobre ele.
VEJA AS FALAS DOS DEPUTADOS:
CPI PODE NASCER MORTA
Se Pacheco decidir instalar a CPI apenas após as eleições, o governo pode comemorar, isso porque, de acordo com o regimento interno do Senado, uma CPI não pode continuar os trabalhos ao fim da legislatura (período de 4 anos). Como essa [legislatura] acaba em dezembro deste ano e se for instalada apenas após o período eleitoral, os senadores só teriam um mês e meio e no requerimento de abertura o prazo de funcionamento da CPI é de no mínimo três meses.
OPOSIÇÃO VAI AO STF
O líder da oposição e autor do pedido de CPI, Randolfe Rodrigues, disse que irá recorrer ao STF (Supremo Tribunal Federal) para que os trabalhos iniciem em agosto. "CPI é um direito constitucional da minoria parlamentar. Não existe a possibilidade de não ser instalada. Não pode ser obstruída. Ninguém está acima da Constituição, muito menos nós, parlamentares, que ao tomar posse juramos cumprí-la e fazer cumprir", afirma.
GOVERNO USA ESTRATÉGIAS PARA BARRAR CPI
Com o temor de prejudicar a avaliação do governo Bolsonaro e gerar consequências negativas nas urnas, o governo atua para barrar a CPI. São duas as estratégias: convencer líderes que será melhor investigar o caso após as eleições e fazer com que eles retardem as indicações a troco de liberação de emendas do orçamento secreto, como ficaram conhecidas as emendas de relator.