Rany Veloso

Coluna da jornalista Rany Veloso, direto de Brasília

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Exclusivo: Omar Aziz diz que vai usar estratégias no depoimento de Pazuello

Com os depoimentos e documentos colhidos, o presidente da CPI diz que o governo nunca se interessou em comprar vacinas

Por Rany Veloso

Durante a entrevista exclusiva ao programa Diálogo Franco, da TV Jornal Meio Norte, o presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, o senador Omar Aziz (PSD-AM), enfatizou que o governo nunca se interessou em comprar vacinas, mas sim na imunização de rebanho e o uso de medicamento não comprovados pela ciência como eficazes no combate à pandemia. 

"O que nós detectamos é que o governo nunca teve interessado em comprar vacina, infelizmente não era essa a intenção dele, a intenção dele era usar a imunização de rebanho, protocolo que tem remédios achando que com isso nós íamos evitar mortes e isso não aconteceu, é muito ruim para o país”, disparou.

Esse é um discurso usado por boa parte dos integrantes da comissão e que agora ganhou força com o avanço dos depoimentos e documentos que conseguiram ter acesso.

Após duas semanas de oitivas, Aziz diz que ficou provada a negligência em relação à negociação dos imunizantes.

“O Brasil recebeu uma correspondência da Pfizer no dia 12 de setembro de 2020 e dois meses depois através do Fabio Wajngarten é que fez o primeiro contato, uma pessoa totalmente alheia a isso, sendo que quem recebeu essa correspondência foi o Presidente da República, o Vice-Presidente, o Ministro da Saúde, Ministro da Economia, Ministro Braga Neto e o embaixador dos EUA, nenhum desses teve o menor interesse de entrar em contato para saber as condições de compra", explicou.

O presidente também rebateu a fala do governo de que a negociação não avançou na época porque não tinha autorização da vacina da Pfizer pela Anvisa. "Veio com discurso agora que a vacina não estava aprovada pela Anvisa, o Brasil fez um acordo com a vacina indiana e a vacina indiana até hoje não foi aprovada pela Anvisa , se nós tivéssemos feito isso em setembro do ano passado, nós teríamos já em dezembro de 2020, 1,5 milhão de vacinas e agora nós teríamos mais de 18 milhões de vacinas coisa que está fazendo falta a população brasileira”, argumentou.

Para o depoimento desta terça-feira (17), o senador adiantou questionamentos que serão feitos ao ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. “Vamos querer saber o papel dele na compra das vacinas porque nós tivemos acesso a documentos de correspondências que foram feitas para comprar Cloroquina e nós queremos saber qual foi a ingerência dele para compra de vacina, qual foi o papel dele nesse momento. Em relação aos insumos, tanto a Fundação Oswaldo Cruz como o Butantan não tem mais insumos para produzir vacina no Brasil, isso atrasa a vacinação. O Brasil é um país que tem relações boas com todos os países do mundo, um dos maiores parceiros comerciais que nós temos é a China inclusive, e a gente não entende o motivo dessa situação".

Sobre a oitiva mais aguardada, a do ex-ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, que é considerado a peça mais importante, Aziz fala em estratégia para descobrir quem são os outros envolvidos na compra do kit covid para tratamento precoce, nas negociações das vacinas e na falta de oxigênio no Amazonas. Uma vez que o ministro Ricardo Lewandowski do Supremo Tribunal Federal concedeu o Habeas Corpus para o ex-ministro permanecer em silêncio quando lhe for conveniente para não produzir provas contra si.

“Vamos deixar de ter algumas informações que poderemos ter em outros depoimentos, então é uma estratégia, nós vamos usar uma estratégia de saber quem ordenou, quem comprou, quem orientou, mas ele não vai responder sobre ele, é uma pena porque é a peça mais importante, o período mais longo que alguém assumiu o Ministério da Saúde foi o Pazuello e ele era uma pessoa que poderia dar muitas informações não só para a CPI, mas para o Brasil. Falar sobre a situação daqui mesmo, do Amazonas".

O senador também lembrou e agradeceu ao Piauí por ter sido um dos primeiros estados a receber pacientes com Covid do Amazonas. "Inclusive eu quero agradecer ao povo do Piauí que foi o primeiro estado que abriu as suas portas para pacientes amazonenses, é um gesto que comoveu o Brasil. Sou muito grato aos profissionais de saúde do Piauí e isso fica marcado na história, essa relação nordestino com nortista que sempre foi muito boa”.

Sobre governadores e prefeitos, Aziz afirma que a CPI vai investigá-los caso exista fato concreto sobre mal uso das verbas federais destinadas à pandemia. Ele deu dois exemplos, sobre o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), de quem disse não ter nenhuma informação que o convocaria na CPI, mas confirmou que o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), que é investigado por corrupção, deve prestar esclarecimentos.

O senador já foi governador do Amazonas e pode ser candidato em 2022.

Aziz finalizou dizendo que apesar de ter descendência italiana a CPI não vai acabar em pizza, que os culpados serão responsabilizados.

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