Por Rany Veloso
Com um auditório lotado de apoiadores, dentre parlamentares, lideranças, ministros do governo e o presidente da Câmara, Arthur Lira, Bolsonaro consumou o casamento com o PL, partido do Centrão comandado por Valdemar Costa Neto, condenado em 2012 pelo Mensalão. Na ocasião, o filho e senador, Flávio Bolsonaro, e o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, também assinaram a carta de filiação. Aos 33 anos de vida política, o PL é o 9º partido de Bolsonaro.
O presidente ressaltou que a escolha foi difícil, fazendo afagos a Ciro Nogueira, ministro da Casa Civil e presidente licenciado do Progressistas, e a Marcos Pereira, do Republicanos. "Confesso prezado Valdemar, a decisão não foi fácil. Até mesmo Marcos Pereira, conversei muito com ele, como também com outros parlamentares. A filiação é como casamento, não seremos maridos e mulher, seremos uma família, mas vocês todos fazem parte dessa nossa família. O Ciro do meu lado não foi fácil, sempre tentando puxar a brasa pra sua sardinha. Obviamente isso nos deixa bastante felizes porque é sinal que nós somos queridos".
Bolsonaro procurou uma sigla para se abrigar na qual tenha apoio e estrutura para a campanha de 2022 e com uma eventual vitória, base para governar. Já Valdemar Costa Neto está de olho no fundo eleitoral milionário, e na ampliação da bancada federal. Isso porque Bolsonaro pode servir como puxador de votos. Mesmo com a baixa na popularidade, tem o eleitorado fiel de 20% capaz de eleger muitos deputados, contando que ao seu favor estão o poder da caneta e a máquina governista.
Com a chegada do presidente da República, cerca de 5 deputados federais aliados de partidos que apoiam outros candidatos à presidência devem deixar o PL, dentre eles Fábio Abreu (do Piauí), mesmo assim terá saldo positivo, sobretudo no fundo eleitoral. A expectativa é que 25 parlamentares sigam Bolsonaro, o que pode tornar o partido o maior da Câmara. Há ainda um acordo de divisão de deputados entre o PP e o Republicanos, outras siglas que também foram cotadas por Bolsonaro e nas quais há uma tendência muito forte de sair o pré-candidato a vice-presidente, principalmente do Progressistas.
Durante o discurso, Bolsonaro criticou a esquerda e voltou a abordar temas que dizem respeito à área ideológica e afirmou que se sente em casa no novo partido. Também citou problemas do país, como a inflação, e diz que espera a aprovação da sabatina de André Mendonça.
Apesar de dizer que não está lançando ninguém a cargo nenhum, é notório o desejo pela disputa nas eleições de 2022 por ele e aliados, como o ministro Tarcísio de Freitas, que deve concorrer ao governo ou senado pelo estado de São Paulo, e Fábio Faria no Rio Grande do Norte. A ministra da Agricultura, Teresa Cristina, também deve disputar o Senado pelo Mato Grosso do Sul.