Rany Veloso

Coluna da jornalista Rany Veloso, direto de Brasília

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Bolsonaro defende anistia a presos do 8 de janeiro no Senado: 'Não foi tentativa de golpe'

O líder da oposição recebeu o ex-presidente para debater apoio à presidência do Senado

Por Rany Veloso

O ex-presidente fez uma visita repentina ao Congresso Nacional no meio tarde de hoje (29), para discutir com o líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), apoio ao candidato à presidência do Senado Davi Alcolumbre (União-AP). "Hoje em dia o quadro é Alcolumbre", afirmou, mas estava irritado por falta de espaço na mesa-diretora e disse que o PL está como um "zumbi".

Na Câmara, a sigla também discute apoio ao candidato à presidência Hugo Motta (Republicanos-PB).

Bolsonaro negou troca de apoio por aprovação do projeto de lei da Anistia, mas defendeu o projeto que perdoa os condenados pelo 8 de janeiro, negou tentativa de golpe, falou sobre a sua inelegibilidade e o desejo de concorrer à presidência da República em 2026, afirmou que Michele Bolsonaro será candidata ao Senado e disse que nunca houve desentendimento com Ricardo Nunes e Silas Malafaia.

ANISTIA AOS CONDENADOS PELO 8 DE JANEIRO

Bolsonaro defendeu a anistia aos condenados do 8 de janeiro, se referindo como prioridade, negou que o objetivo principal seja reverter sua inelegibilidade ao dizer que ele está "em segundo plano" e que não condicionou apoio ao candidato à presidência da Câmara Hugo Motta (Republicanos) em troca da aprovação do projeto de lei [da anistia]. "O menos importante é a volta da minha inelegibilidade do que a liberdade das pessoas".

Mas admitiu que teve encontros ontem, com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), com a presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), Caroline de Toni (PL-SC) e com o relator Rodrigo Valadares (União-SE). "Arthur Lira não impôs nada para mim, nem eu para ele".

"A anistia está sempre nas pautas nossas. Nós entendemos e cada vez há um número maior de parlamentares que entendam da mesma maneira, até corroborando com o ministro José Múcio, da Defesa, que o 8 de janeiro não foi uma tentativa de golpe, muito menos armada, muito menos pessoas humildes queriam mudar o estado de direito. Então a anistia é um remédio para isso aí. A gente vai buscando cada vez mais que tem muita gente inocente".

Bolsonaro disse que a aprovação do projeto apresentado e defendido pela base bolsonarista na Câmara é uma "coisa fora de partido" e apelou para Lula: "Será ele [Lula] não tem coração também? As pessoas que tão presas são pessoas humildes". Negando uma tentativa de golpe. "Ninguém tentou dar golpe no Lula, se tivesse tentado dar golpe teria sido antes de tomar posse e não após ter tomado posse".

COMISSÃO ESPECIAL PARA O PL DA ANISTIA

Hoje, ao anunciar seu candidato à presidência da Câmara, Arthur Lira anunciou que o PL da anistia iria passar por comissão especial, o que, na prática, retarda a tramitação. A CCJ iria votá-lo hoje em plenário. Mas Bolsonaro disse que foi informado e que concorda com a Comissão. "É o caminho que tem". Otimista, acredita que será votado ainda neste ano.

"Com a comissão vamos trazer os órfãos de pais vivos".

CANDIDATO À PRESIDÊNCIA EM 2026?

O ex-presidente quer ser candidato à presidência daqui a dois anos, mas para isso é preciso reverter a condenação do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) por abuso de poder político e econômico, que o torna inelegível até 2030.

Bolsonaro lembrou da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que anulou as condenações de José Dirceu (PT) na Lava-Jato e o tornou elegível e disse que o primeiro passo é no TSE, corte que será presidida por 2026 pelo ministro Kassio Nunes Marques, piauiense indicado ao STF por ele quando presidente.

"Julgamento político que a gente vai, estamos buscando a maneira de desfazer isso aí". 

DESENTENDIMENTO COM RICARDO NUNES, SILAS MALAFAIA E VALDEMAR COSTA NETO

O ex-presidente disse que falou hoje com o prefeito reeleito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB). "Há um vídeo mais recente dele falando que o candidato de 2026 é Jair Bolsonaro". E negou algum mal-estar mesmo aparecendo apenas na reta final do segundo turno. 

"Nunca teve [desentendimento com Nunes]" e culpou Pablo Marçal por ter criado o mal-entendido e o ter usado para subir nas intenções e voto. A quem chamou de "precoce".

"Até dei uma medalha para ele [Pablo Marçal], o que errei né (...) Saiu uma matéria no Estadão que apoiaria Marçal. O Brasil todo ficou sabendo que eu ia apoiar ele [Marçal] e não o Nunes. Então, ele cresceu ali, numa mentira".

O ex-presidente disse que por ele Marçal não se filia ao PL. Mas revelou atritos com Valdemar Costa Neto, presidente nacional da sigla, com quem não pode falar por ordem judicial.

Já com Silas Malafaia, que o chamou de covarde e omisso ao questionar "que porcaria de líder é esse?", Bolsonaro disse que o entende ao argumentar que o pastor tem mais coisa positiva do que negativa. "Ele explodiu depois do primeiro turno. Lógico que fiquei chateado. Depois mandei um coraçãozinho para ele".

DIREITA SEM BOLSONARO

Questionado sobre essa possibilidade, Bolsonaro disse que já tentaram várias vezes e não conseguiram, porque não sabem a linguagem do povo e muitos têm uma "utopia".

"Todos que tentaram se alvorar como líder através de likes ou de lacração nunca chegou a lugar nenhum. São conhecidos como estrategistas intergaláticos".

PRESIDÊNCIA DO SENADO

Rogério Marinho disse que amanhã o PL formaliza apoio ao candidato à presidência do Senado. Bolsonaro já entregou que irão apoiar Alcolumbre, mas reclamou da falta de espaço na mesa e nem em comissões

"A gente tá quase um zumbi aqui dentro, com todo o respeito com a bancada do PL". E nós queremos participar da mesa e comissões".

BRIGA COM RONALDO CAIADO, GOVERNADOR DE GOIÁS

Bolsonaro que lançou candidatos do PL em Goiânia e Aparecida de Goiânia disputou contra o até então aliado Ronaldo Caiado (União), quem o derrotou nas duas cidades. Caiado chegou a dizer que Bolsonaro transformou a capital de Goiás em um "ringue" e que não havia necessidade dele fazer isso. Já Bolsonaro disse que seus candidatos lutaram contra as máquinas do estado, prefeitura e uma busca e apreensão "inexplicável" na última quinta-feira contra o seu candidato.

"O Caiado é uma pessoa que você o desagrada vira o teu inimigo. Por quatro momentos ele rompeu comigo quando era presidente da República".

PL NAS ELEIÇÕES DE 2024

A avaliação é positiva, segundo Bolsonaro, mesmo não elegendo seus ex-ministros. "Temos 4 capitais conosco, para quem tinha zero é uma grande coisa".

Lembrou da capital do Nordeste onde a disputa foi acirrada e o PT conseguiu fazer o único prefeito de capital. "Em Fortaleza faltou um tiquinho para conseguir algo inédito".

E ressaltou que o PL tinha candidatura em 1/3 dos municípios. "Nós amaciamos o terreno para que os outros partidos ganhassem as eleições" ao mencionar PP e PSD com quem disse ter afinidade.

MICHELE BOLSONARO PRÉ-CANDIDATA AO SENADO

Bolsonaro confirmou que sua esposa, Michele Bolsonaro, irá disputar o Senado em 2026 pelo Distrito Federal. Ele disse que não sabia do potencial político da ex primeira-dama. "Fiquei até assustado com a forma, eu a conheci assim nas eleições de 2022. Eu não sabia que ela falava tão bem assim". E citou o apoio de Michele a Damares Alves para o Senado em 2022, que conseguiu ganhar de Flávia Arruda, a então primeira colocada nas pesquisas com mais de 40%.

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