Por Rany Veloso
Para evitar derrota em votação na Câmara dos Deputados, o governo usou da estratégia de não ter tido tempo suficiente para debater o projeto de lei das Fake News com os parlamentares. O deputado federal do Piauí, Merlong Solano, assumiu a estratégia, mas discordou do deputado da oposição Átila Lira (PP-PI), que em entrevista à coluna, disse que além das mudanças no texto será preciso mudança de relator. O Centrão quer um nome mais "maleável" para ficar a frente das discussões.
"Existe a possibilidade da gente separar o texto e facilitar a aprovação, inclusive com um novo relator, um relator de centro, que tenha um poder de convencimento, e a gente regulamentar. Eu acho que a gente deve regulamentar, mas não do jeito que está aí", condicionou Átila.
"Acredito que até a próxima semana, que a previsão é daqui a duas semanas, a gente consiga chegar em um consenso maior para poder votar, mas mesmo assim é uma matéria muito complexa, porque tem parlamentares que não querem votar de jeito nenhum e outros querem, que é o meu caso", se posicionou o deputado do partido de Arthur Lira.
Dentre os pontos questionados estão a criação do órgão de controle para não contaminar a regulamentação com ideologia política, a remuneração para as mídias e a política para crianças e adolescentes.
Já o petista Merlong diz que não vê necessidade de mudar o relator, ressaltou a competência do deputado Orlando Silva (PCdoB-SP). "Ele tem se esmerado ao máximo em ouvir aqueles que tem resistência ao PLdas fake news, portanto não justifica".
"A estratégia foi clara, diante da dificuldade interposta pelo Google, pelos bolsonaristas mais radicais e pela bancada que se diz evangélica, que acham que a internet deve ser a terra de ninguém, o faroeste, o vale tudo, diante da imprevisibilidade do resultado da votação foi preferível retirar para que a gente possa acumular forças e votar o tema mais na frente", defendeu Merlong.