Rany Veloso

Coluna da jornalista Rany Veloso, direto de Brasília

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Ameaça ao aborto legal: presidente da CCJ pede reforço policial e retira manifestantes

Um grupo de mulheres na comissão foram chamadas de “assassinas” por deputado após fazerem coro: “criança não é mãe e estuprador não é pai”

Por Rany Veloso

Uma confusão no início da tarde de hoje na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara fez com que a sessão fosse interrompida e mudada de plenário por duas vezes. A presidente da CCJ, Caroline de Toni (PL-SC), barrou a entrada da imprensa e manifestantes.

A comissão votou e aprovou o Projeto de Lei do Aborto, que o proíbe até em casos legais. O deputado Eli Borges (PL) chegou a chamar as mulheres de "assassinas" por fazerem coro "criança não é mãe. Estuprador não é pai" e depois "retira a PEC".

Com a aprovação, o PL para proibir qualquer tipo de aborto no Brasil avança, mas ainda precisa passar por comissão especial e plenário.

Ainda durante as discussões, um grupo de manifestantes fizeram um grito de protesto repetindo "criança não é mãe. Estuprador não é pai". A relatora do projeto, a deputada Chris Tonietto (PL) respondeu dizendo que são os "Herodes da contemporaneidade".

"Só gritaria. O quê que vocês fazem para combater o estupro? Porque encaminha a menina para o aborto, largada a própria sorte, esse é o mais amor da esquerda, das feministas, é só jargão feminista e zero efetividade", disparou Chris Tonietto.

Logo em seguida, o deputado Eli Borges (PL) chamou as mulheres de "assassinas".

"Estou ouvindo o grito de assassinas, isso me preocupa muito porque não respeitam o parlamento e nem o comando da presidência. Isso é a prova de que querem assassinar crianças frutos de estupro", disse.

A presidente interrompeu a sessão e pediu que os policiais legislativos retirassem o grupo do plenário. Logo em seguida, eles mudaram de plenário, barrando a entrada da imprensa e das mulheres.

"Vocês estão desrespeitando a deputada mulher, Chris Tonietto. Algo que sempre foi pleiteado aqui nesta comissão. Por favor, se retirem. A polícia está autorizada a fazer a retirada dos manifestantes", disse Caroline de Toni.

Enquanto isso, uma deputada puxou uma "Ave-Maria" e Lídice da Matta (PSB-BA), tentou obstruir pedindo tempo de liderança para se manifestar e criticou a presidente da comissão pelo tratamento diferente aos manifestantes. "A senhora permitiu aqui manifestação daqueles que apoiaram o PL da anistia ... Assassino são os militares que permitiramo plano de assassinato do presidente".

A sessão retornou depois das 14h e foi aprovada a admissibilidade da PEC por 35 a 15. Agora, cabe ao presidente da Câmara, Arthur Lira, criar a Comissão Especial. Se aprovada, pode ir à votação no plenário. 

 

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