Xingamento, transfobia e aplausos: depoimento expõe contradições de ex-GSI

General Heleno negou DNA bolsonarista, desdenhou de Mauro Cid e dos relatórios da ABIN e foi pego na mentira quando afirmou não ter conhecimento de golpistas

Quando o general da reserva  Augusto Heleno Ribeiro entrou na sala da Comissão que investiga os atos golpistas de 8 de janeiro e foi recebido como aplausos de parlamentares bolsonaristas já era possível prever que o depoimento dele seria um embate entre as correntes que têm duas formas de ver a tentativa de golpe de estado que ocorreu dias após a posse do presidente Lula.

A expectativa do depoimento do ex-chefe do Gabinete Institucional do governo Bolsonaro era grande.Quando a senadora maranhense Eliziane Gama, relatora da CPI, iniciou a oitiva até o final, as respostas da testemunha - que tinha liminar concedida pelo ministro Cristiano Zanin, que lhe possibiitava ficar em silêncio - se revezaram entre ignorar a parlamentar, debochar das perguntas que ela fazia, dar respostas dúbias e, por fim,se descontrolar ao ponto de xingar a senadora.

Blindado por nomes como o senador Sérgio Moro, que interpelava os parlamentares que faziam perguntas ao general,afirmando que eles estavam "condenando o depoente", Heleno disse, entre outras coisas que os patricantes dos atos golpistas "eram meia dúzia de curiosos" e que os relatórios que cobravam melhoria nos equipamentos do GSI se resumiam a "choro de comandantes para receber mais dinheiro".

O depoimento ainda produziu outras pérolas como a tentativa dedescredibiizar o tenente-corone Mauro Cid, afirmando que ele não participava de reuniões", a afirmação de desconhecimento dos relatórios da ABIN alertando para os riscos de atos extremistas  e o comentário sobre a devolução de um relógio rolex recebido de presente "devolví porque não vou perder minha vida por causa de um relógio caro" ( a devolução  só ocorreu porq determinação do Tribunal de Contas da União (TCU) em razão da polêmica das joias doadas pelo governo da Arábia Saudita, ,meses depois do recebimento do item, avaliado em R$ 300 mil.

CONTRADIÇÃO 

O general também negou ter "DNA bolsonarista" e participação nos acampamentos, bem como desconheceu qualquer relação com as tratativas de golpe propostas pelo então presidente Bolsonaro, em reunião com representantes  das Força Armadas. A relatora, no entanto, exibiu uma foto em que ele aparece na chamada "reunião do golpe". EM outro momento, após negar conhecer os golpistas, foi desmentido pela informação oficial de que recebeu vários dos que, no dia 8 de janeiro, promovera os ataques aos 3 Poderes. Além disso, confrontado sobre o conhecimento do plano, o general apenas disse que participava de 400 grupos de whatsapp, embora não tivesse tempo para ler todos os relatórios do órgào de inteligência.

TRANSFOBIA

Durante o questionamento feito pela deputada Duda Salabert, Heleno insistiu em usar o pronome masculuno para referir-se à parlamentar - momento em que foi corrigido pelo presidente da Comissão, Arthur Maia - e continuou cometendo a descortesia para com a parlamentar.Ao final, a reunião foi suspensa porque o deputado Abílio Brunini foi expulso da sessão por desacato.

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