Visita de Lula ao movimento “Mães e Avós da Praça de Maio” é recado?

Há 45 anos, mulheres buscam por filhos e netos desaparecidos durante a ditadura militar argentina

Lula, Janja e as abuelas de Plaza de Mayo | ricardo stuckert

Em uma das cenas de 1985, filme ganhador do Globo de Ouro e postulante ao Oscar na categoria de Filme Internacional, durante a sessão de julgamento dos militares acusados de torturar e matar centenas de pessoas durante a ditadura argentina, um grupo de mulheres presentes no Tribunal foi avisado de que não poderia usar lenços brancos sobre a cabeça porque o acessório seria uma manifestação política. Era uma referência às "mães da praça de maio", mulheres que, em 1977, iniciaram um protesto pela busca dos filhos desaparecidos. O movimento, que começou com apenas 14  mães e seus lenços brancos,  sobrevive ainda hoje, 46 anos depois, quando muitas procuram agora pelos netos. Ontem, durante sua passagem por Buenos Aires, o presidente Lula visitou as "Mães e Avós da Praça de Maio", referência ao local onde o primeiro protesto foi feito.

Uma das lições do movimento é não deixar cair no esquecimento. No ano passado, as avós comemoraram a localização do 131º neto localizado. O rapaz nasceu quando a mãe, Lucía Ángela Nadín estava sequestrada pelos militares. No Brasil, após os atos golpistas de 8 de janeiro, há parte dos políticos, incluindo aliados ao presidente, que defende o esquecimento dos crimes que tenham sido cometidos por militares que apoiaram ou participaram dos ataques aos prédios símbolos da República. O esquecimento seria em nome de uma suposta "pacificação" das Forças Armadas.

Durante o encontro com as avós, o presidente, que realiza sua primeira viagem internacional após a posse, declarou que o movimento das mulheres é uma inspiração para a Democracia. Lula estava acompanhado do presidente da Argentina, Alberto Fernandez e da primeira-dama, a socióloga Janja da Silva, que publicou registros do encontro em seu perfil de twitter

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