Para cada litro de cajuína consumida, o piauiense toma 95 l de refrigerante

produtores certificados cobram políticas públicas para aumentar vendas e estimular o consumo

A cajuína,  bebida  à base de caju imortalizada na canção de Caetano Veloso,  é considerada um símbolo piauiense mas dentro do estado, o consumo está longe de fazer dela um produto popular. No estado, são consumidos 3 milhões de litros de cajuína por ano, o que dá em média, 1 litro por habitante. Quando comparada ao refrigerante, um disparate: em média 95 litros por hab. Diantes desses números, produtores de cajuína que possuem selo de indicação geográfica  querem políticas públicas para ampliar as vendas e aumentar o consumo. "Há muito potencial na fabricação do produto", acreditaJosenildo Lacerda, produtor e engenheiro agrônomo.

Em uma reunião ocorrida nesta quarta-feira, 24, na sede do Sebrae, o grupo formado por 10 produtores ( total de marcas que possuem a certificação no estado). O selo de identificação geográfica é a  certificação de produtos de uma determinada região com características específicas e intangíveis que os diferenciem de seus concorrentes. O registro no  Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI)) assegura proteção e impede seu uso por  produtores de outras regiões. A iniciativa agrega valor ao produto e fideliza o cliente.

A produção de cajuína utiliza, em sua quase totalidade, maquinários produzidos no estado. Mas o caráter artesanal  mantém o processo demorado de produção e contribui para encarecer o produto, o que justifica o baixo consumo. Um litro de "cajuína cristalina em Teresina" chega a custar R$ 15 em bares e restaurantes. 

Lacerda cita, ainda, que a falta de apoio do governo e das prefeituras, também dificulta a manutenção do negócio. " Piauí está atrasado na elaboração dessas políticas. No Rio Grande do Norte, existe até legislação que obriga a inclusão de produtos da cajucultura nos cardápios da merenda escolar", diz. em 2017, a Assembleia Legislativa do estado nordestino aprovou um projeto de lei que  prevê a inclusão de 5% de produtos derivados da cajucultura na merenda escolar fornecida aos estudantes da rede estadual de ensino. A Lei  também estabelece que os produtos derivados do caju deverão ser adquiridos da agricultura familiar, podendo ser de produtor individual, de associação ou de cooperativa.

A produção e a comercialização da castanha de caju in natura representam  atividade tradicional no nordeste garantindo  a geração de renda, emprego e desenvolvimento.

O caju é formado pela castanha e pelo pedúnculo ou falso fruto. Do pedúnculo, que contém de três a cinco vezes mais vitamina C que a laranja, além de cálcio, fósforo e outros nutrientes, pode ser obtida grande quantidade de produtos, a partir do processamento industrial ou mesmo de forma artesanal. Já a castanha, além da amêndoa, que apresenta grande valor nutritivo, constitui-se o principal produto da industrialização do caju.

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