Em entrevista exclusiva nesta quarta-feira, 24 de maio, para o programa Notícias da Boa, apresentado pela jornalista Cinthia Lages, a cônsul do Brasil em Madrid (Espanha), Vera Cíntia Álvarez, adiantou que será proposta uma manifestação de brasileiros contra o racismo no país europeu. O ato vem após o episódio gravíssimo envolvendo o jogador Vinícius Junior, do Real Madrid.
No diálogo, a Embaixadora explicita que o protesto ocorrerá no dia 02 de junho e ex-jogadores brasileiros famosos serão convidados, como Ronaldo e Roberto Carlos.
A cônsul expressou sua indignação e de toda a comunidade brasileira com o episódio lastimável, que vem se repetindo frequentemente, pontuando que o racismo cometido contra o atleta brasileiro é, na verdade, contra todos os afrodescendentes e contra a humanidade. "Não toleraremos que estes atos aconteçam novamente", sinaliza.
A embaixadora afirmou que, diferente do Brasil, a questão do combate às diferentes formas que o racismo é praticado não é significativamente discutida tanto pelo governo quanto pela população espanhola, ignorando sua importância e urgência.
No programa, também foram discutidas a forte busca e migração de brasileiros para terras espanholas, assim como se teve uma robusta presença de espanhóis no Brasil, principalmente durante sua configuração como República. Só que, diferente da recepção cordial brasileira, os espanhóis recepcionam os imigrantes de modo discriminatório.
“Nós temos uma grande comunidade brasileira aqui, porque tivemos muitos espanhóis vivendo no Brasil. O Brasil está dentro da Espanha; e a Espanha, dentro do Brasil. Mas nós temos, sim, um tratamento baseado na xenofobia em relação a nossos nacionais. E isso é intolerável e inaceitável”, relata a embaixadora. “Os espanhóis foram muito bem recebidos, no Brasil, sempre”, completou.
Além disso, Vera Cíntia pontuou que os estádios brasileiros possuem protocolos de segurança de combate à violência bem definidos, o que não é visto nos estádios espanhóis.
“Dentro dos estágios, o Brasil já tem uma equipe montada, desde a Copa, para identificar as pessoas que estão ofendendo ou cometendo crimes. E temos também protocolos. A Espanha, pelo que foi visto no ocorrido, não tem nada disso”, avaliou.
(Com a colaboração de Francy Teixeira e Fabrício de Freitas)