O governador de Pernambuco e eventual candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos, afirmou, em entrevista exclusiva ao Jornal Meio Norte, que o Nordeste não pode seguir sendo visto como um problema para o Brasil, mas deve ser visto como parte da solução para o Brasil.
Para ele, o Nordeste tem uma grande contribuição dada ao Brasil.
?Nós não podemos seguir como sendo um problema para o Brasil. Nós somos parte da solução para o Brasil. Sou um nordestino que conhece as entranhas dessa terra, da nossa gente, conheço o sofrimento do nosso povo, mas também a capacidade do nosso povo de ultrapassar dificuldades, de encontrar caminhos. O Nordeste precisa de mais atenção para que possa ajudar ao Brasil a encontrar novos caminhos e fazer o Brasil a ir mais longe. Nos choca a gente ser contado apenas como eleitor. Me encanta a gente ser visto como gente, como cidadão, que tem problemas a se enfrentar, mas tem, sobretudo, sonhos e desejos para demonstrar a força de nossa gente, a competência e a capacidade de nosso povo de enfrentar e vencer desafios?, afirmou Eduardo Campos.
Jornal Meio Norte ? Como o sr. acha que o Nordeste está sendo tratado?
Eduardo Campos ? O Nordeste tem uma grande contribuição dada a esse país. Nós não podemos seguir como sendo um problema para o Brasil. Nós somos parte da solução para o Brasil. Sou um nordestino que conhece as entranhas dessa terra, da nossa gente, conheço o sofrimento do nosso povo, mas também a capacidade do nosso povo de ultrapassar dificuldades, de encontrar caminhos. O Nordeste precisa de mais atenção para que possa ajudar ao Brasil a encontrar novos caminhos e fazer o Brasil a ir mais longe. Nos choca a gente ser contado apenas como eleitor. Me encanta a gente ser visto como gente, como cidadão, que tem problemas a se en- frentar, mas tem, sobretudo, sonhos e desejos para demonstrar a força de nossa gente, a competência e a capacidade de nosso povo de enfrentar e vencer desafios.
JMN ? O Governo Federal fez alguma coisa pelo Nordeste?
EC ? Todos os governos procuram fazer, mas sabemos que quem se elege procura fazer alguma coisa. O fato é que o Brasil está vivendo um tempo de baixo crescimento econômico. O baixo crescimento econômico atinge mais as regiões mais pobres. Nós tivemos nos últimos dois meses inflação. A inflação preocupa principalmente quem tem menos dinheiro. Nós tivemos obras importantes para o Nordeste que não foram concluídas no tempo certo, como a Ferrovia Transnordestina, uma ferrovia tão importante; obras como o Porto de Luís Correia, também importante para o Nordeste. É preciso que as questões do Nordeste ganhem outra velocidade. Por que outra velocidade? Outro dia, eu estava vendo um estudo do Banco do Nordeste mostrando que o Nordeste crescer durante 30 anos 2% ao ano acima do Brasil, só assim a renda do nordestino vai atingir a renda média nacional. Então, nós temos pressa, nós precisamos ter velocidade no que estamos fazendo. Temos que ser prioridade, não prioridade no discurso, mas prioridade no orçamento, prioridade nas políticas públicas. É claro que o Nordeste tem demonstrado essa vontade de mudança.
JMN ? Quando a economia digital explodiu nos Estados Unidos a expectativa era de que São Paulo acompanhasse esse ritmo, o que não aconteceu. Em Pernambuco, porém, surgiram muitas star-tups de alta tecnologia. De que forma o sr. pode contribuir para o país trabalhando com a economia digital?
EC ? A chamada economia criativa terá muito espaço nas próximas décadas. Nós temos em Pernambuco um foco muito grande na questão do Parque Tecnológico do Porto Digital, que potencializa a questão das tecnologias de informação e de comunicação como um centro de economia criativa. Recuperamos o bairro onde Recife começou, no cais do porto para se transformar em um ecossistema da tecnologia da informação, onde muitas empresas de software são desenvolvidas, crescem, prestando serviços a muitas empresas como software alto e de jogos. Isso precisa ganhar escala no Brasil porque hoje essa tecnologia de informação toca de forma transversal a economia, melhorando a produtividade, que é um desafio brasileiro. O Brasil precisa melhorar a produtividade na economia como um todo e isso não se faz sem pesquisas, desenvolvimento e inovação. Isso não se faz sem o suporte da tecnologia de informação e comunicação.
JMN ? Que críticas o sr. faz ao atual andar da economia brasileira?
EC ? Na verdade, o Brasil viveu em 2002 a 2010 uma fase em que cresceu na média da América Latina e na média do mundo e acima da média em que vinha crescendo pelo efeito que teve na economia brasileira. O crédito, que foi importante, que democratizou-se, que incentivou o consumo, além da ajuda externa do ambiente dos commodities.
Nós tivemos um ciclo de crescimento. Depois de 2011, nós vivemos outra etapa, a de que o crescimento vem em outro patamar abaixo de 2% de crescimento. Nós tivemos uma situação na economia internacional, em um primeiro momento, de repique da crise. No segundo momento, quando a crise começa a aumentar, os recursos que vinham na direção do Brasil começaram a ir em direção de outros países e nós precisamos retomar um ciclo de expansão econômica que preserve os empregos que geramos antes; e que possa nos geral dias melhores, primeiro resgatando a confiança no futuro do Brasil, que é hoje algo que está em causa. É mais uma crise de confiança do que uma crise de fundamentos macroeconômicos, que existe, mas não justificaria a situação em que o país vive. Para vencer essa crise de confiança é preciso que todos digam em um debate qual a sua visão para onde o Brasil vai. Qual é o olhar estratégico para o futuro do país. Feito isso, vencido isso, a crise de confiança, temos que ter uma política monetária mais afinada com a política fiscal. A gente vai ver o Brasil retomar o nível de investimentos, vamos poder viver um ciclo de expansão econômica maia acelerado do que vive. É possível fazê-lo com critério de sustentabilidade, com olhar sobre o mundo como busca de inovação, como busca de produtividade e a cidadania que busca a qualidade de vida, que é uma reclamação constante nas grandes cidades e também nas pequenas cidades brasileiras. Isso só vai se fazer com melhoria na qualidade da gestão e parda haver essa qualidade na gestão é fundamental que se melhore a qualidade da política, que é um dos primeiros serviços públicos que precisa melhorar no Brasil.
JMN ? O PSB entregou os cargos ao governo federal, mas nos Estados o PT não entrega os cargos que ocupa nos governos do PSB. Como é que fica essa contradição?
EC - Quando o PSB foi entregar os cargos ao governo federal foi para deixar o governo federal ficar à vontade e o partido à vontade para fazer um debate sobre o país que nós queremos, sobre os caminhos que nós queremos percorrer. Nós sabemos que isso chamou atenção na política política brasileira porque o usual é ver os partidos atrás do governo federal, atrás de cargos e na hora em que fomos entregar os cargos, isso chamou a atenção, Nós não tomamos nenhuma decisão para que PSB entregasse os cargos que tem nas administrações que o PT governa nos Estados e cidades. São em poucos lugares, mas não orientamos porque respeitamos a dinâmica de cada lugar da mesma forma como não orientamos que o PSB pedisse nos Estados e prefeituras os cargos que o PT ocupa porque esse é da dinâmica local e de cada lugar. Eu acho que o PSB fez o que tinha de ser feito. Estamos felizes com a decisão que nós tomamos. O partido tomou essa decisão unido e ainda está mais unido porque entende, de lá para cá, que os horizontes do PSB foram alargados.
JMN ? O PT gosta mais de cargos?
EC ? Essa pergunta você tem que fazer aos meninos do PT. Sinceramente, essa é uma pergunta que cabe fazer ao PT.
JMN ? Por que o sr. exonerou o secretário de Cultura de Pernambuco, Fernando Duarte, que é do PT ?
EC - Ele (Fernando Duarte) foi exonerado em função da decisão tomada do PT. Eu estive com ele ontem (na segunda-feira). É um querido amigo. Foi um secretário que me ajudou muito, tenho por ele e por seu irmão, Cláudio Duarte, que são piauienses, uma grande relação. Vamos continuar amigos e com, certeza, o futuro vai nos legar muitas coisas para fazer juntos.
JMN ? Em entrevista ao programa ?Roda Viva?, da TV Cultura, a ex-senadora Marina Silva que disse que entre as suas bandeiras dele não estavam a sustentabilidade e a renovação política. Como o sr. analisa as declarações de Marina Silva?
EC - Ela, Marina, sabe tudo que o Governo de Pernambuco fez pela sustentabilidade. Fez, até porque trouxemos o companheiro dela na chapa de 2010 para o governo do Estado. Está governando comigo para mim ajudar nessa área da sustentabilidade. É claro que a Rede traz esse conceito com mais intensidade e veio para nos ajudar. Desde o começo da aliança eu disse que nós íamos aprender com a Rede e a Rede ia aprender conosco como deve ser um relação positiva. Deve ser sempre assim, a gente tem que estar aberto para aprender e as pessoas têm que estar abertas a aprender com a gente em experiências públicas em vários municípios.