O vigésimo ano de Viviane Araújo na Sapucaí não será diferente num quesito: todos os olhares estarão voltados para ela. A entrada apoteótica, à frente da bateria do Salgueiro, anuncia, na noite deste domingo, mais um motivo de folia.
A rainha, sucesso como a manicure Naná de “Império”, completa 40 anos em março, e reverencia o melhor momento da vida — como ela define — , agradecendo toda a sua trajetória na Passarela do Samba.— Minha vida começou a partir do carnaval, que me trouxe tantas realizações. Completar 20 anos de folia é muito bacana, uma história. Fico feliz de ter conseguido me manter esse tempo com respeito, com a minha dignidade, de ter conquistado tudo pelo que sou, pelo meu mérito, pelo que represento — reflete a atriz, que, no Morro do Salgueiro, recebeu o carinho de incontáveis crianças por toda a comunidade, algumas foram até trocar de roupa quando souberam que a musa ia chegar: — Só tenho o que comemorar, agradecer por tudo de tão bom que tem acontecido.Os sonhos não param por aqui.
Viviane ainda tem muito para conquistar e celebrar.— Quero trabalhar mais, fazer cinema, ter meu filho, não sei quando, mas eu quero — planeja a mulher do jogador de futebol Radamés, que divide o coração entre a profissão e a folia: — Não penso em deixar a Avenida, a não ser que surja um trabalho que realmente seja necessário fazer isso. Seria difícil, não estou preparada. Mas é minha carreira, que tanto batalhei e agora está sendo reconhecida. Sei que não serei eterna na Sapucaí, mas, por enquanto, só consigo pensar no agora, que está sendo maravilhoso!
A cabeça está no presente e no futuro. No entanto, é inevitável para ela não olhar para trás e lembrar de momentos que marcaram o seu reinado na Avenida.— Não esqueço a primeira vez que pisei na Sapucaí. Vim num carro, no Império da Tijuca. Éramos três meninas com os seios de fora. Nunca tinha desfilado, fiquei meio envergonhada, peguei meu cabelo e coloquei para cobrir um pouco. No meio do desfile, até esqueci que estava seminua (risos). Um ano antes, pude ver o carnaval de perto, na Apoteose, porque fui fazer promoção para uma cervejaria. Ali, pensei: “Quero desfilar”. E queria vir num carro alegórico, achava o máximo (risos). Consegui, sem próposito, e tudo foi acontecendo... — destaca a bela, entre tantas memórias: — Em 1998, na Vila, foi o primeiro ano em que vim como destaque de chão, fui considerada a musa da Sapucaí. E, é claro, quando o Salgueiro foi campeão em 2009. Uma emoção, um grito, um choro, um riso explodiram dentro de mim.
Veterana no carnaval, Vivi ainda mantém o frio na barriga e o gostinho especial de desfilar à frente da bateria Furiosa do Salgueiro, que, este ano, leva a comida mineira à Apoteose.— É uma emoção diferente todo ano, um momento que espero ansiosa — resume, explicando por que sua passagem é tão aguardada também pelo público: — Faço com muito amor. Acho que consigo passar uma verdade através do meu samba, do meu olhar, do meu gesto, do jeito que toco tamborim e de como trato os componentes da escola.
Por causa do trabalho em “Império”, faltou tempo a Vivi para pegar pesado na malhação como de costume. O que não a impediu de deixar o corpo mais magro, na medida para a fantasia.—Não estou conseguindo malhar como sempre fiz para o carnaval, mas estou com o corpo ideal. Mudei o treino, antes da novela, para não ficar tão musculosa e dar uma afinada — diz ela que, apesar da dieta, tem mais liberdade para comer: — Antes, comia de três em três horas, clara e batata doce, de manhã, repetia no almoço, no lanche, no jantar. Agora, como de tudo de forma saudável.— Estou bem melhor do que há 20 anos, mais segura com tudo — afirma Vivi, que homenageia o Rio no Morro do Salgueiro: — É a comunidade em que gosto de estar e que sempre me recebe com tanto carinho.Depois de posar com moradores, cumprimentar os que acompanharam todos os cliques de suas lajes e gritavam “Naná, Naná”, a rainha ficou para o samba na comunidade.
Produção: Sandro Carvalho
Beleza: Diego Hassan
Agradecimento: Centro Cultural Calça Larga