Um vídeo postado no Youtube mostra o discurso feito por Rita Lee em Aracaju na noite de sábado, 28, pouco antes de ser presa. Enfurecida com o modo como a polícia estava tratando o público, a cantora xingou os policiais de "cachorros" e "filhas da puta" e ainda pediu um "baseado" (cigarro de maconha) para a plateia.
Veja a íntegra:
"Eu tenho direito de falar, esse chão é meu, esse chão é minha despedida do palco. Não tem que agredir, seus cachorros. Coitado dos cachorros, cafajestes. Vocês estão fazendo de propósito. Eu sou do tempo da ditadura. Vocês pensam que eu tenho medo, porra? Eu sou mulher, tive três filhos, tenho marido. 67 anos. O que vocês vão fazer? É isso que vocês querem? Chamar atenção? É horrível, eu tenho paranoia desse tipo de coisa. Por quê? Eu queria saber. Cadê por escrito que vocês têm que fazer isso? Cavalaria aqui não. Não vou esperar, esse show é meu. As pessoas estão esperando eu cantar, não vocês. Seus filhos da puta, agora vem me prender! Por causa de um baseadinho, é isso? Cadê o baseadinho para eu fumar aqui agora?"
Segundo o depoimento do delegado Leoginis Correa, da Delegacia Plantonista de Aracaju, Rita se revoltou porque achou "truculenta e desnecessária a ação dos policias com seus fãs".
POLÊMICA
Entenda o caso
Na madrugada deste domingo, 29, Rita disse no Twitter que estava sendo levada para a delegacia de Aracaju, em Sergipe, após realizar aquele que seria o última show de sua carreira. "Tô indo p/ a delegacia...a polícia d Aju ñ gosta d mim mas Sergipe gosta, estou dentro do carro, eles estaaoentravv", escreveu Rita.
Segundo nota do jornal "Folha de S. Paulo", Rita teria reclamado de que policiais teriam agredido membros de seu fã-clube, declarado que não os queria no show e dito " Vocês são legais, vão lá fumar um baseadinho."
Os policiais militares, então, teriam se aproximado do palco, e Rita insistiu nas reclamações. Disse não ter medo e os chamou de "cavalo", "cachorro"e "filho da puta", segundo a nota.
Ao término da apresentação, Rita foi levada à delegacia, onde foi registrado um Boletim de Ocorrência. "Polícia dando trabalho p/ mim, quer me prender, embasamento legal ñ há, ñ retiro uma palavra do q disse, o show era meu! Alô twittlawyers, polícia abusiva e abusada, nāo sou obrigada a fazer o q me pedem: ir à delegacia agora, ou amanhā às 9. Último show e ela vai presa? Nāo poderia ser mais la cantante, afff", disse.
No B.O., o ocorrido foi descrito como "desacato e apologia ao crime ou ao criminoso (art. 287 do Código Penal)".
"A sensatez falou mais alto no momento, por isso a polícia não parou o show", disse à "Folha de S. Paulo" o tenente-coronel Adolfo Menezes, responsável pelo policiamento do show.
Rita foi solta com a ajuda da ex-senadora e hoje vereadora por Maceió, capital de Alagoas, Heloisa Helena (PSOL), que assistiu ao show. Por volta das 7h da manhã deste domingo, 28, a cantora voltou ao Twitter para contar que estava liberada. "Solta graças à vereadora Heloísa Helena que estava na plateia e prestou idêntica versāo <3", postou Rita.
Segundo a "Folha", a vereadora já estava na delegacia antes mesmo de Rita chegar e assinou o B.O. como testemunha a seu favor. O governador de Sergipe, Marcelo Déda, também assistiu ao show e, teria criticado Rita. "A polícia não tinha feito nenhum tipo de ação que justificasse [a atitude da cantora]", que poderia levar a uma "confusão generalizada" declarou ao jornal paulista.