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União e criatividade mantêm ativo o Patrimônio Cultural do Brasil

Muitas dessas manifestações culturais realizadas a partir da interação coletiva foram afetadas por conta do Coronavirus que exigiu isolamento social.

Feira de Caruaru (PE) e Tambor de Crioula (MA) passam por revalidação dos registros como Patrimônio CulturalÉ com muita criatividade e união que os 48 bens registrados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como Patrimônio Cultural do Brasil têm enfrentado os problemas causados pela pandemia que atravessa o país. Muitas dessas manifestações culturais realizadas a partir da interação coletiva foram afetadas por conta do Coronavirus que exigiu isolamento social. 


Em pouco tempo, cessaram as vendas de acarajé produzido por baianas em todo o país; as apresentações de teatro de bonecos ficaram sem sua platéia cativa; e as feiras livres, como a de Caruaru (PE), onde se encontrava de tudo que há no mundo foram fechadas. E por trás desse cenário estão os protagonistas que trabalham e vivem para manter vivo o Patrimônio Cultural do Brasil. Contudo, esses agentes da cultura têm contado com a tecnologia para manter ativa suas expressões, saberes e celebrações. Pois se já não há local onde se possam exibir livretos de cordel e xilogravuras, os versos dos poetas saem do papel e navegam pelos gigabites da rede de computadores dando recados importantes para alertar sobre o coronavírus, iniciativa realizada por cordelistas de Aracajú (SE) e Brasília (DF).     

Primeira salga (sal grosso).Os bens que possuem a sua base financeira na venda de produtos alimentícios também se adaptaram à tecnologia e agora utilizam os recursos da venda online. Os produtores do tradicional modo de fazer o queijo mineiro divulgam essa iguaria pelas redes sociais.  E as baianas, que estão sem poder abrir o tabuleiro, se organizaram no mundo virtual e utilizam os serviços de entrega, os chamados deliverys.  

É com base nessa força coletiva para manter ativo o Patrimônio Cultural do Brasil, que o Iphan, em parceria com os detentores desses bens, realiza a ação Patrimônio Cultural #Em Casa. A ideia é continuar promovendo e difundindo essa riqueza nacional por meio de transmissões online e dar visibilidade a práticas e saberes de mestres e mestras da cultura popular.  E ações como essa se espalham por todas as regiões do país. 

No Amapá, o Marabaixo registrado pelo Iphan em 2018, mostra a força dessa expressão de devoção e resistência quando se volta para fazer o bem à comunidade. Por meio de apresentações online organizadas por vários grupos locais, a ação mantém ativa tanto a prática quanto atos solidários que visam à coleta e doação para os mais necessitados. Esta mesma iniciativa também é realizada por capoeiristas de todo o país que, sem poder abrir a roda, têm difundido pelas ondas da internet toda a exuberância desse Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.     

Celebrações canceladas ou adiadas

A Festa do Divino de Pirenópolis foi registrada como Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro, reconhecido pelo Iphan, em  2010Os efeitos da Covid-19 também alteraram o contexto de cidades inteiras, que antes estavam acostumadas a acolher milhares de pessoas em celebrações festivas ou religiosas reconhecidas como Patrimônio Cultural do Brasil. Neste ano, para evitar aglomerações, foram canceladas ou adiadas: a Procissão do Senhor Jesus dos Passos em Florianópolis; a Festa do Divino Espírito Santo de Pirenópolis e a Romaria de Carros de Bois, ambas nas cidades do Goiás, além do Bembé do Mercado, no Recôncavo Baiano. 

A festa cearense do Pau da Bandeira de Santo Antônio em Barbalha, que aconteceria no mês de maio, foi adiada para outubro. Mas o dinheiro que seria usado nesta celebração vai ser destinado para trabalho de prevenção e tratamento de pessoas que venham a ser infectadas pela Covid-19 no estado cearense. Já no Rio Grande do Sul, a Fenadoce realizada na cidade de Pelotas, com foco a tradição doceira local também foi adiada. Mas a organização do evento resolveu doar doces e máscaras para homenagear os motoboys, profissionais que seguem trabalhando durante a pandemia.