Há um ano, o Airbus A330 caiu no Oceano Atlântico após decolar do Rio de Janeiro no dia 31 de maio de 2009, em direção a Paris, matando 228 pessoas. A aeronave seguia um voo normal até a área de cobertura do radar, em Fernando de Noronha, mas enfrentou turbulência, mal tempo e enviou mensagem de pane alguns minutos depois, não voltando a fazer contato com os controladores de voo.
Leia abaixo algumas perguntas sobre o acidente, cujo motivo continua sendo um mistério: O que provocou o acidente? Ainda não se sabe. Relatório da BEA (Escritório de Análises e Investigações), a agência francesa que investiga o caso, afirma que ocorreu uma "cadeia de eventos", mas que a falta das caixas-pretas, de testemunhas e de dados do voo dificultam a apuração. A BEA confirmou que houve uma "inconsistência de mensuração" da velocidade do ar, mas isso apenas não explica o acidente. A Airbus recomendou a substituição dos sensores de velocidade conhecidos, como tubos de Pitot nos aviões A330 e A340, e várias empresas, inclusive a Air France, já seguiram a sugestão.
Mas analistas da Airbus afirmam que falha humana e outros problemas técnicos podem ter concorrido para causar a queda. O que são as sondas pitot? As sondas de Pitot são tubos metálicos em forma de L, com cerca de 20 centímetros de largura no lado maior, que saem das asas ou da fuselagem do avião.
A pressão do ar que entra no tubo permite que os sensores meçam a velocidade e o ângulo do deslocamento do voo, além de captar outras informações menos vitais, como a da temperatura do ar fora da aeronave. Eles são aquecidos para evitar que congelem. Um tubo de Pitot bloqueado ou defetuoso poderia fazer o sensor de velocidade operar incorretamente, levando o computador que controla o avião a acelerar ou desacelerar de maneira potencialmente perigosa.
Um das teorias que poderiam explicar o acidente é a de que os sensores de velocidade congelaram-se, passando informações incorretas para os computadores do avião. O piloto automático teria então determinado que a aeronave voasse rápido ou devagar demais durante uma turbulência provocada pelas tempestades da região do acidente. Mas o congelamento das sondas já ocorreu em outras ocasiões, sem provocar acidentes. Onde estão as caixas-pretas? Em uma área delimitada do Oceano Atlântico. Ela foi determinada no ano passado, por sinais emitidos pelas próprias caixas.
Como estão as buscas? Já foram realizadas três fazes de buscas, a um custo total de 20 milhões de euros. A terceira fase das buscas foi encerrada, sem sucessos, no final de maio. A BEA informou que está avaliando a situação e que apenas em julho deve decidir se as buscas serão retomadas. Como funcionam as caixas-pretas? As caixas-pretas são duas estruturas coladas, que registram todos os dados do voo (como altitude, velocidade) e as comunicações da cabine. Elas são feitas para sobreviver a fortes impactos. Em que pé estão as indenizações?
Em março de 2010, uma família de vítima brasileira obteve uma indenização de R$ 2 milhões, o que provocou reclamação das famílias de vítimas francesas, que pediram valores semelhantes. O grupo francês Axa, que representa as seguradoras da Air France, recorreu, pois considera que o valor das indenizações deve ser determinado por uma comissão, conforme combinado. Sarah Stewart, do escritório londrino Stewarts Law, que representa 50 famílias de vítimas, afirmou que as seguradoras da Air France oferecem extrajudicialmente indenizações diferentes em função da nacionalidade das vítimas: US$ 4 milhões por pessoa nos Estados Unidos, US$ 750 mil no Brasil e US$ 250 mil na Europa. A empresa e suas seguradoras não comentaram a afirmação. Do que os parentes das vítimas reclamam? Eles acreditam que não foram investigadas todas as pistas.