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Um ano após hostilização, Uniban é condenada a pagar a Geisy Arruda R$ 40 mil por danos morais

Advogada da garota diz que vai recorrer da decisão, pois pediu compensação de R$ 1 milhão

Um ano após ter sido hostilizada dentro do campus da Uniban em São Bernardo do Campo, no ABC, a estudante Geisy Arruda parece ter ganho uma etapa de sua batalha na Justiça: a 9ª Vara Cível de São Bernardo condenou a universidade a pagar indenização de R$ 40 mil por danos morais à ex-aluna. A defesa da jovem informou nesta terça-feira (5) que vai recorrer da decisão, pois pediu compensação de R$ 1 milhão. A Uniban também pode recorrer.

Procurado, o advogado Vicente Cascione, que representa a Uniban, não tinha sido encontrado até as 15h para comentar o caso. Para Nehemias Domingos de Mello, que defende Geisy, o valor estipulado pela Justiça "está aquém" do esperado. "O juiz acolheu nossos argumentos, mas o valor fixado está aquém do papel que a indenização deveria cumprir. A Uniban está sendo premiada", afirmou Mello.

De acordo com ele, a sentença saiu em 30 de setembro. "Vamos recorrer, vamos insistir nisso", afirmou ele, garantindo que ainda busca conseguir a compensação por danos morais de R$ 1 milhão. Esse foi o valor estipulado pela defesa de Geisy desde o início.

Segundo o Tribunal de Justiça de São Paulo, o juiz Rodrigo Gorga Campos alegou, em sua sentença, que a quantia é "suficiente para compensar a violação sofrida pela autora, sem comprometer a saúde financeira da empresa ré."

O caso

Geisy foi humilhada por outros alunos da Uniban no dia 22 de outubro de 2009 por usar um vestido rosa curto. Jovens colocaram na internet vídeos com imagens da aluna sendo xingada. Ela precisou se trancar em uma sala e só deixou o campus escoltada por policiais militares. Na ocasião, deram um jaleco branco para Geisy colocar por cima do vestido.

Em novembro, a direção da Uniban chegou a colocar anúncio em jornais informando sobre a expulsão de Geisy. O motivo alegado na época foi "o flagrante desrespeito aos princípios éticos, à dignidade acadêmica e à moralidade?. Três dias depois, a univesidade particular voltou atrás e declarou que a estudante de turismo poderia voltar a frequentar a sala de aula.

No entanto, desde 22 de outubro, Geisy não assistiu mais às aulas. Ela entrou novamente na Justiça, desta vez para ter o direito de fazer as provas de fim de ano fora do período normal. A jovem, então com 20 anos, dizia temer por sua segurança se voltasse ao campus.

Em fevereiro deste ano, o juiz concedeu à Geisy o benefício de fazer os exames entre os dias 18 e 26 daquele mês. Mesmo avisada com antecedência, como determinava o despacho de Campos, a aluna não compareceu à Uniban. Em entrevista ao G1 na época, Geisy admitiu não estar preparada para os testes.

Ela foi uma das atrações do carnaval de São Paulo e também desfilou no Rio de Janeiro. ?Eu estava com uma pressão horrível por causa do carnaval. Não consegui me preparar. Desfilei no Rio, em Salvador e em São Paulo e fiquei dias sem dormir?, relatou a estudante de turismo na época.

Depois do episódio, Geisy declarou que não voltaria a cursar turismo. Passou a receber convites para posar em revistas e deu entrevistas em programas de televisão. Fez cirurgia plástica para remodelar o corpo, ganhou aplique loiro no cabelo e disse ter realizado um sonho quando, em abril deste ano, lançou sua própria grife: a Rosa Divino. No lançamento da coleção, apresentada toda em tom de rosa, a agora empresária comentou que sua inspiração para criar as peças era "a dona de casa."