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Sem festas juninas, forrozeiros buscam soluções para compensar prejuízo

São João, um dos maiores eventos do Nordeste, foi suspenso pelo segundo ano consecutivo.

Músicos e agentes culturais participaram de audiência pública na Câmara Federal e buscam soluções junto ao poder público para falta de dinheiro. A categoria foi prejudicada pela suspensão das festas juninas por causa da pandemia da Covid-19, pelo segundo ano consecutivo.  Informações do Ministério do Turismo apontam que em 2019, as festas juninas ocorreram em 15 estados e movimentaram R$ 1,5 bilhão.

A presidente da Associação Balaio do Nordeste, Joana Alves, destacou que, para além da questão econômica, é preciso preservar o patrimônio tradicional representado pelo forró. Ela explica que o São João é o momento em que o artista do forró mais trabalha para poder manter o equilíbrio dos grupos, ter bons instrumentos, boa qualidade de serviço. "Ele precisa se manter trabalhando, se ele é um profissional da área, ele precisa ser valorizado”, disse ela.

No ano passado, de forma virtual, foi realizado o São João na Rede, com apresentações de mais de 200 artistas, todas transmitidas pela internet. O objetivo do evento, explicou Joana Alves, foi manter vivo o patrimônio do forró e garantir uma renda mínima para os músicos locais que não puderam participar dos eventos juninos.

O músico Léo Macedo defendeu que, neste ano, com recursos das prefeituras e dos estados, sejam realizadas novamente lives juninas, como forma de garantir recursos para os artistas locais e fazer com que as pessoas permaneçam em casa, sem deslocamentos para o interior, que poderiam aumentar a contaminação por Covid-19 entre as cidades.

O sanfoneiro Aldemario Coelho lembrou que o setor de forró conta com cinco milhões de trabalhadores e a maioria deles está numa situação crítica que não pode esperar o próximo ano para ser resolvida.  Ele defendeu que os gestores públicos se empenhem na contratação de artistas locais em apresentações pela internet.

Festas juninas, suspensas, deixam artistas em situaçao difícil (Divulgação Iphan)

Impacto na economia

A deputada Lídice da Mata (PSB-BA), proponente da audiência, destacou que na Bahia as festas juninas ocorrem em metade dos municípios e movimentaram, em 2019, R$ 700 milhões.

O prefeito de Amargosa (BA), Júlio Pinheiro, destacou que a cidade, de 40 mil habitantes, tem 10% do PIB proveniente das festas juninas, que movimentam a economia local com a realização de shows e o aluguel de casas para acomodar os turistas, que quase dobram a população local no período.