A sétima e mais recente tatuagem de Sandra de Sá é a inscrição AfricaNatividade, que dá nome ao seu novo CD, junto ao complemento Cheiro de Brasil. "Não é só um nome. Representa a minha cultura, o meu povo, a minha vida, minhas famílias de sangue e da vida, o Brasil, a África, está tudo aqui, uma vida inteira. Até emociona porque foi muito importante para mim", explica a cantora, com lágrimas nos olhos.
Aos 54 anos, ela comemora 30 de carreira e gosta de dizer que precisou de tempo para "maturar" seu novo projeto. O álbum traz canções compostas por ela há duas décadas, como Imaginação; completando a maioridade, como Evoluir, e debutantes, como Pé de Meia. "Por que você tem que gravar, lançar disco todo ano? Resolvi baixar a bola e deixar o que estava na minha cabeça fluir", conta Sandra, que viajou pelo Brasil num mergulho pela cultura negra. "Visitei vários quilombos, do Rio Grande do Sul ao Piauí. E foram viagens muito doidas, em que conheci pessoas inteligentíssimas, mesmo sem estudo, dentro daquelas comunidades".
Esse universo deixou Sandra encantada de tal forma que o show de lançamento do álbum deve percorrer os quilombos. Além disso, produtivos cervejais foram realizados com regularidade na casa da cantora, sempre em busca novas sonoridades. O resultado foi um álbum bem caprichado no soul, com direito a sambas, pincelas de blues, xotes e funk. "Michael Jackson e James Brown são legais, mas não são eles. Nossa cultura não é de m..., não. A música negra que a gente faz é a melhor do mundo. Fazemos a nossa e a deles com muito mais suingue", garante.
Maratona carnavalesca após doença
Uma crise de diverticulite aguda tirou Sandra de Sá de circulação na última semana por quatro dias. Período em que ela ficou internada no Hospital São Lucas até recuperar-se e pegar um gás para sobreviver à maratona carnavalesca. No último sábado, ela foi uma das intérpretes do samba-enredo da escola de samba Leandro de Itaquera, em São Paulo. No domingo, animou o Galo da Madrugada e, hoje, desfila no carro Demônio Colorido, na Mangueira. "Venho representando o sucesso dos grandes festivais", conta ela, sobre sua participação no enredo que homenageia a Música Popular Brasileira.
Amanhã, Sandra faz show no Terreirão do Samba. "Na quarta, eu viro cinzas, renasço no Sábado das Campeãs", diverte-se ela. Tudo isso é culpa do sangue africano. "Ele pulsa no nosso gosto por dançar, cantar, quando a gente é alegre e feliz", filosofa a cantora.