Crise? Que crise? Em uma mesa do camarote da Tomorrowland, o grupo de amigos do empresário de Goiânia Paulo Henrique Costa, 27, esbanjava a pequena fortuna de R$ 40 mil que eles investiram em whisky, vodka e champanhe.
Tudo isso em apenas uma noite. Paulo disse que gosta de música eletrônica, mas a namorada, Clara, não faz ideia de quem são os artistas que se apresentam no festival. "Não conheço nada, mas estou aqui muito bem bebendo champanhe e tirando foto", afirma ela, após um gole de Chandon. "Acho que a gente é o que mais gastou aqui, né? Senão a gente vai ser", dispara.
Para quem pagou o alto valor do ingresso para o Comfort VIP, beber do bom e do melhor é o mínimo. E os preços no camarote são exorbitantes. Uma garrafa de champanhe Dom Pérignon Magnun Blanc sai pela bagatela de R$ 4,5 mil, mesmo valor de uma Veuve Clicot de 3 litros.
A ostentação do empresário de Goiânia somada à avalanche de selfies mostram que parte de alguns frequentadores da Tomorrowland estão mais preocupados em fazer bonito nas redes sociais do que apreciar o que o evento oferece.
A analista de pesquisa Maiara Domingues, 27, de São Paulo, admitiu que não conhece nada de eletrônico, porém entupiu seus seguidores do Snapchat de vídeos dela e do festival. "Não gosto de música eletrônica, não conheço, mas aqui é lindo e já fiz vários snaps e fotos", diz ela, com uma taça de champanhe nas mãos.
Com as câmeras dos celulares devidamente a postos, o que se presencia é um festival de poses para garantir o clique perfeito. Fernanda Reti, 20, e Marcela Pacces, 19, ambas de São Paulo, não são grandes conhecedoras de música eletrônica, mas perderam as contas de quantas fotos tiraram: "Gostamos tanto de selfie que estamos com a câmera ligada o tempo todo, não só pelo registro desse evento internacional, mas também para compartilhar com os amigos". Questionada se conheciam os DJs que se apresentaram, elas responderam que não, "mas já ouvimos muitas músicas que tocaram aqui".
No primeiro dia de evento, o casal Shillorana Rodrigues, 23, e Samuel Gomes, 24, estava entusiasmado no caixa da loja de produtos oficiais da Tomorrowland e gastou R$ 2 mil somente em roupas com a marca do festival.
Eles compraram o ingresso mais caro, o Full Madness ("loucura total" na tradução do inglês) VIP, por R$ 1,9 mil cada. Ao todo, revelam, gastaram mais de R$ 13 mil. "Viemos para estourar", admitiu Samuel.