A tradição dos bandolins, que encantou o Brasil com o talento das bandolinistas de Oeiras, segue firme com a Orquestra de Bandolins de Oeiras, formado, por 15 componentes, sob a regência do professor Herberth Vinícius.
Motivo de orgulho para o Piauí, o grupo já se apresentou em eventos importantíssimos, dentro e fora do Estado.
“Podemos citar a apresentação no Congresso Nacional em Brasília na Sessão Solene em comemoração dos 300 anos de Oeiras-PI, em 2017; e a participação na décima edição do Festival de Rabecas de Bom Jesus”, diz Herberth.
Herberth destaca ainda a realização da turnê, através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura (SIEC), onde se apresentou nas cidades de Corrente, Bom Jesus, Floriano, Teresina, Piripiri e Parnaíba. “Foi muito importante para a divulgação de uma das mais belas tradições musicais do nosso Estado”, diz, enfatizando ainda que, para este ano, a meta é o lançamento do CD da Orquestra de Bandolins. “Estamos em campanha para conseguir fundos para que esse projeto se concretize. A produção do CD ficará sob o comando do sonoplasta Zé Dantas, que acompanhou o grupo durante a turnê pelo Piauí na captura dos áudios das apresentações. Será um CD com registro ao vivo das apresentações. Precisamos de apoio para a finalização e prensagem do material”, afirma. No repertório, a Orquestra de Bandolins valoriza o melhor da música brasileira, percorrendo diversos gêneros, do samba ao baião. E também músicas de compositores piauienses, como as valsas de Possidônio Queiroz.
“É gratificante ver o interesse da sociedade oeirense em dar continuidade à tradição. A procura por vagas na escola de bandolins é bastante concorrida. Muitos pais incentivam seus filhos a aprenderem o instrumento. As aulas são gratuitas e semanais”, afirma.
O grupo surgiu através da evolução dos alunos da Escola de Bandolins Dona Petinha, inaugurada em 2016, e que funciona no Sobrado Major Selemérico. Além da Escola de Bandolins Dona Petinha, o Projeto Núcleos de Cultura, criado pela Secretaria Municipal de Educação, é outro projeto importante que trabalha na manutenção da tradição dentro das escolas. “A iniciativa já tem mostrado resultados animadores. É impressionante como esse instrumento vem abrindo portas e quebrando paradigmas. Como ele é importante para a inclusão social na nossa cidade”, diz.
História
Herberth Vinícius aprendeu a tocar bandolim com dona Zezé Ferreira, integrante do antigo grupo Bandolins de Oeiras. “Juntamente com as senhoras, realizei várias apresentações musicais”, diz, ressaltando que atualmente trabalha na preservação dessa tradição, que teve início na década de 30 com D. Araci de Carvalho, mãe do escritor romancista O. G. Rego de Carvalho, fundadora da primeira orquestra de bandolins na cidade de Oeiras, denominada de A Voz do Coração.
Esse grupo era formado somente por moças, que ao crescerem foram repassando essa tradição por várias gerações. Até que na década de 80, na comemoração dos 250 anos da Catedral de Nossa Senhora da Vitória, foi criado o famoso grupo Bandolins de Oeiras, formado por Petinha Amorim, Rosário Lemos, Lilásia Freitas, Nieta Maranhão, Zezé Ferreira e Celina Martins na regência. Dessas, já faleceram Rosário Lemos, Lilásia, e no início deste ano Dona Petinha Amorim. “As demais integrantes estão com idade avançada e sofrem do Mal de Alzheimer”, esclarece.
Essas mulheres deixaram um legado para o Piauí. Elas transmitiram seus conhecimentos e, em 2016, foi inaugurada a escola, projeto idealizado pelo então secretário estadual de Cultura, Fábio Novo.
“Com a reforma do Centro Cultural Sobrado Major Selemérico, foi destinada uma sala para abrigar a escola, que funciona atualmente com três turmas e atende mais de 30 jovens de 9 aos 18 anos. “O objetivo da criação da Escola de Bandolins por parte do Governo do Estado foi manter viva a tradição secular do Bandolim em Oeiras”, relata o professor.