A agência de desenvolvimento da ONU (Organização das Nações Unidas) se juntou nesta sexta-feira (29) aos pedidos para o perdão da dívida externa do Haiti, que é de cerca de R$ 1,86 bilhão (US$ 1 bilhão), em resposta ao terremoto que devastou o país no dia 12.
O Haiti, país mais pobre das Américas, sofreu uma grande devastação após um terremoto de 7 graus na escala Richter ter atingido o país há pouco mais de duas semanas. O número de mortos pode chegar a 200 mil, segundo estimativas do governo local.
A Conferência da Organização das Nações Unidas em Comércio e Desenvolvimento (Unctad, na sigla em inglês) apoiou os pedidos do FMI (Fundo Monetário Internacional) por um esforço de financiamento semelhante ao plano Marshall dos Estados Unidos, que reconstruiu a Europa após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Crianças haitianas desabrigadas após o terremoto; ONU teme aumento da miséria (Foto: Jorge Silva/Reuters)
"A Unctad acredita que essa tarefa deve começar com o cancelamento imediato e total das obrigações de dívida existentes do Haiti", afirmou a agência em um comunicado.
A Unctad disse que um estudo sobre o efeito de 21 desastres naturais em países pobres entre 1980 e 2008 apontou um acréscimo de 24 pontos percentuais na proporção da dívida em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) das nações nos três anos seguintes.
"Impactos em tal escala podem iniciar um ciclo vicioso de miséria econômica, maior financiamento externo, serviços de dívida onerosos e investimentos insuficientes para acalmar choques futuros", afirmou a nota.
O Haiti perdeu 60% de seu PIB no desastre, disse na segunda-feira o primeiro-ministro Jean-Max Bellerive, referindo-se à concentração da economia na capital Porto Príncipe, próxima ao epicentro do forte terremoto de magnitude 7.
A Unctad disse que os credores deveriam declarar a moratória da dívida do Haiti, seguida do cancelamento o mais rápido possível.
Segundo cálculos da ONU, a ajuda ao Haiti já ultrapassa a casa de R$ 3,72 bilhões (US$ 2 bilhões), somando valores prometidos e já entregues ao país após a tragédia.