Quando elas entram na faculdade, parecem ficar mais seduzidas pelo pó. Se rendem mais à maconha, ecstasy, crack e todas outras drogas. Uma pesquisa realizada pela Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), em parceria com a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, mostra que as universitárias usam 5 vezes mais cocaína quando comparadas à população em geral.
Os dados foram divulgados nesta quarta-feira, dia 23, após a análise de 18 mil entrevistas, feitas com matriculados em instituições de ensino superior (públicas e privadas) das 27 capitais brasileiras. Entre as mulheres entrevistadas, o índice encontrado de ?uso na vida de cocaína? foi de 5%, sendo que na população em geral com mais de 18 anos, conforme mostrou o último levantamento nacional feito pelo Centro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas, a taxa é de 1,2%.
Não é apenas com a cocaína que a vantagem estatística de uso entre as universitárias foi identificada. Com a maconha, por exemplo, uma em cada cinco declarou já ter consumido a droga. A porcentagem de 19,9% supera em 14,8 pontos porcentuais a média detectada na população que não frequenta o ensino superior (5,1%). Com o crack, o índice de uso encontrado no público universitário foi 60% maior do que no outro grupo ? 0,5% no primeiro versus 0,2% no segundo.
Igual aos homens
Além do padrão de uso excessivo, outra constatação dos pesquisadores é que dentro da universidade não há diferença entre os sexos na taxa de uso de drogas lícitas ou não. A igualdade entre os gêneros é considerada preocupante pelos especialistas já que em outros ensaios científicos, os homens sempre superaram ? e em muito ? o sexo feminino na parcela de usuários. De forma geral, 49% dos entrevistados declaram ter usado algum tipo de droga no ano anterior da pesquisa.
Explicações
Para Arthur Guerra, psiquiatra especializado em dependência química e um dos autores do estudo, há algumas justificativas para o uso exagerado de drogas pelo público universitário, que vão além da idade ? isso porque entre os alunos com mais de 35 anos, o padrão de uso de drogas também superou a média encontrada na população em geral e não foi menor do que o diagnosticado em estudantes de menor idade.
?A pesquisa mostra o quanto a influência do grupo é marcante para o uso de drogas?, acredita o especialista. ?Além disso, também há uma onipotência típica da fase universitária, a sensação de imunidade a qualquer risco e a ideia de que a dependência não é um problema que faz parte deste universo?, completa ao médico, ao citar que 26% já têm sinais de uso problemático, sendo que a literatura sempre considerou os 40 anos como idade média para o aparecimento dos sintomas do vício.