Técnicos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) começam nesta sexta-feira a periciar as 695 armas recolhidas no ínicio da semana no 7º Batalhão da Polícia Militar (São Gonçalo). Os revólveres e pistolas calibres 38 e 40 serão submetidos a exame de confronto balístico. O objetivo é localizar as armas que foram usadas no assassinato da juíza Patrícia Acioli, morta quando chegava de carro em casa no bairro de Piratininga, em Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro, no dia 11 de agosto.
Segundo o diretor do Departamento de Polícia Técnica da Polícia Civil do Rio, Sérgio Henriques, não há prazo para a conclusão da perícia.
O presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), Nelson Calandra, enviou na quarta-feira uma carta ao governador Sérgio Cabral para pedir mais empenho da Polícia Civil na conclusão das investigações do assassinato. A preocupação da AMB decorre do fato de que o crime, em tese, pode não ter uma motivação isolada, como foi divulgado. Calandra cobra a quebra da espinha dorsal do crime organizado que contamina até as instituições públicas.
"A AMB pauta sua atuação na defesa incondicional da magistratura do País. Nesse sentido e confiante na competência e determinação da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, requeiro a costumeira atenção e colaboração do Governo do Estado, para que a elucidação do crime desvele a espinha dorsal de eventual organização criminosa responsável pelo ato bárbaro", afirmou Calandra em sua carta.
A decisão do presidente da associação foi tomada após reunião com a vice-presidente de Direitos Humanos da AMB, Renata Gil, juíza criminal no Rio, que retratou a indignação de seus colegas, especialmente os da Comarca de São Gonçalo, da qual Patrícia Acioli era integrante. "O braço armado da organização continua intocado", disse Renata.
Três PMs presos
Na última segunda-feira, quando se completaram 30 dias do assassinato, o delegado responsável pelo caso, Felipe Ettore, divulgou relatório parcial do inquérito, no qual apontou como suspeitos do crime três policiais militares do Grupamento de Ações Táticas (GAT), do 7º BPM de São Gonçalo. Eles estão presos no Batalhão Especial Prisional (BEP), em Benfica, na zona norte do Rio, e prestaram depoimento na noite de terça, na Divisão de Homicídios da Barra da Tijuca, na zona oeste.
Ainda de acordo com a Polícia Civil, a emboscada para executar a magistrada foi planejada com um mês de antecedência. O tenente Daniel dos Santos Benitez Lopes e os cabos Sergio Costa Junior e Jefferson de Araujo Miranda teriam cometido o crime para evitar que a juíza expedisse mandados de prisão contra eles, acusados de forjar um auto de resistência para justificar o assassinato de um rapaz de 18 anos, no dia 3 de junho. No entanto, horas antes de ser morta, Patrícia Acioli enviou os despachos solicitando a prisão dos três.