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Moletom vira roupa de festa na temporada de inverno

A desiA designer já desenvolveu blusinhas fofas com caimento balonê, calças com cara de alfaiataria, paletós e maxipulls

O moletom, quem diria, vai virar roupa de festa. Pelo menos no que depender da vontade dos estilistas, que apostam no tecido em versões sofisticadas como tendência forte para os dias frios que vêm por aí.

Na temporada outono-inverno 2009 das semanas de moda, não foram poucas as grifes que surpreenderam ao colocar na passarela peças de moletom com toques de alfaiataria e modelagens modernas. O momento alto foi o desfile da marca carioca Osklen na São Paulo Fashion Week, no qual todas as roupas eram feitas com o pano.

?O novo moletom não tem nada a ver com o agasalho de ginástica ou a calça pra ficar largado no sofá vendo o Faustão?, esclarece a estilista paulistana Juliana Jabour, que desde sua primeira coleção, lançada em 2003, cria looks finos a partir do tecido. ?A ideia é sofisticar, para que ele possa ser combinado com um scarpin, uma blusa de seda e uma bolsa chique?.

A designer já desenvolveu blusinhas fofas com caimento balonê, calças com cara de alfaiataria, paletós e maxipulls (blusão que pode ser usado como vestido) tendo o tecido como matéria-prima. ?Trabalho com dois tipos de moletons. Um é mais encorpado, especial para peças estruturadas. Uso também o ?moletinho? com elastano, que é quase uma malha, bem molinho?, explica.

Assim como Juliana, a grife carioca Cantão também se rendeu ao despojamento do tecido em leituras não-usuais. A peça-fetiche da nova coleção da marca, o macacão de moletom ?destroyer? (de aspecto envelhecido, detonado) usado pela top model Michelle Alves na passarela do Fashion Rio, tem até lista de espera.

?Depois do desfile as clientes já começaram a ligar na loja pedindo para reservar o macacão. E olha que a coleção demorou quase dois meses para chegar?, conta Yamê Reis, estilista da marca. ?O moletom pode ser sexy e essa peça é a prova: tem mangas bufantes e é um tomara-que-caia?.

Canguru

Enquanto algumas marcas buscaram alternativas para deixar o moletom mais descolado, a Osklen fez o caminho inverso: lançou uma coleção inteira inspirada nas versões mais básicas do tecido.

Entre as peças desenvolvidas pelo estilista Oskar Metsavaht estão os tradicionais blusões fechados e casacos ?hoodie? (com capuz) e ?canguru? (com bolsos grandes na parte da frente). Para reforçar o conceito, no desfile da grife na SPFW as modelos na passarela usaram óculos, tênis e bolsas confeccionadas com o pano.

A inovação ficou por conta das texturas das roupas, que ganharam bordados, além de aplicações de resina. Outra técnica usada por Metsavaht, batizada de ?caviar?, foi a inserção de microesferas de PVC , que deram um visual com brilho e textura aos looks.

?O desfile da Osklen foi uma das boas surpresas da temporada?, elogia a consultora de moda Costanza Pascolato.

?What a feeling?

Moda e cinema vivem se encontrando e o moletom não poderia deixar de ter seu ícone hollywoodiano. O blusão mesclado usado com scarpin vermelho pela dançarina Alexandra (Jennifer Beals) no cult ?Flashdance? (1983) é uma das imagens cinematográficas mais fortes do tecido.

Foi também nos anos 80 que o moletom ganhou status fashion, graças às invenções do estilista japonês Yohji Yamamoto. ?Até então era um tecido meio menosprezado, mas provou ser um material versátil para se trabalhar?, diz Costanza. ?O advento do moletom fez parte da evolução natural do sportwear?

Considerada a ?papisa da moda brasileira? pelos fashionistas, Costanza aposta que a tendência tem tudo para aquecer este inverno. ?Os modernos já estão usando?.