O estereótipo das atuais musas do Sambódromo foi ofuscado na madrugada deste domingo (2) na Sapucaí. Em meio a cabelos escovados, silicones e músculos malhados na academia, chamou a atenção uma mulher alta, magra, de cabeça raspada e com corpo ? e carreira ? de modelo. Destaque no abre-alas da Caprichosos de Pilares, Jéssica Mara teve estreia de gala em uma passarela que até então não dominava.
Vestida só com uma calcinha de renda preta embaixo do fino vestido azul, transparente ao ser molhado na alegoria que representava a ?Construção do Aqueduto?, no enredo sobre a boêmia Lapa carioca, ela exibiu uma sensualidade sutil e roubou a cena no Sambódromo.
?Nossa, eu não consigo acreditar. Está demorando um pouquinho para cair a ficha. Não imaginava que iria dar esse tipo de repercussão. Fiz o meu papel, dei toda minha energia e positividade. Quando saí, as pessoas falando na avenida, na rua, fiquei realmente surpresa. Adorei. Nunca vou esquecer. A primeira vez a gente nunca esquece?, comemorou, em conversa por telefone.
Moradora de Bonsucesso
Os 56 quilos distribuídos por 1,82 m são mantidos apenas com dieta a base de proteína, salada e legumes, além de caminhadas e poucos abdominais, segundo a modelo, que já foi capa de revistas como a ?Vogue?. Natural de Volta Redonda, no sul do estado, mora há seis anos em Bonsucesso, Subúrbio do Rio, com o pai e a irmã, que trabalham na capital e voltam nos fins de semana para o interior, onde vive a mãe.
?Ela assistiu o desfile, adorou. Amigos de longe já falaram comigo, meu pai, minha mãe. Está sendo muito gostoso?, contou.
O nome artístico Mara Jay foi abandonado este ano, após a troca de agência. O objetivo de Jéssica Mara da Silva, agora só Jéssica Mara, é seguir vivendo da carreira e conhecer o mundo. ?Revistas dão visibidade, mas não dão dinheiro. Não me considero financeiramente realizada, por ser um meio complicado. Até trabalho bem, mas não me sinto realizada por completo. Quero modelar muito fora do Brasil?, diz a jovem de 22 anos que largou a faculdade de design para se dedicar ao sonho.
"Melhor continuar solteira"
A nova musa da Sapucaí garante que, apesar de debutante, tem samba no pé desde pequena e que observou as passistas cariocas para caprichar na estreia. Ciente de que o sucesso na avenida deve atrair mais olhares masculinos, Jéssica sorri timidamente e antecipa um "jogo duro" para os pretendentes: ?Acho que é melhor continuar solteira por enquanto. Encontrar alguém que entenda o meu trabalho é difícil.?
Torcedora da Beija-Flor, com uma "quedinha pela Vila", ela conta que tirou de letra a água fria e a timidez de ficar com o corpo à mostra. O maior desafio foi o balanço do carro. "Acabei não tendo vergonha por ser o meu trabalho. Fiquei um pouco nervosa foi com o carro andando e parando. Balança muito", revelou. "Mas se me chamarem eu volto, claro."