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Marcello Novaes, Max de Av. Brasil: "Já sofri por ser traído e já traí"

O ator com fama de galã já fez o mocinho e até o descamisado, mas nunca antes causou tanto alvoroço entre o público feminino.

As mulheres adoram um canalha. Pelo menos é o que Marcello Novaes, intérprete do cafajeste Max em ?Avenida Brasil?, tem constatado nas ruas. O ator com fama de galã já fez o mocinho e até o descamisado, mas nunca antes causou tanto alvoroço entre o público feminino. ?É impressionante como elas chegam com uma liberdade maior. Eu não sei o que um vilão como esse desperta. Acho que existe um fetiche pelo lado debochado dele, por esse perfil malandro que tem um jogo de cintura para aceitar qualquer situação e não levar nada muito a sério. Só não fico sem graça com as abordagens porque sou muito brincalhão?, conta o ator.

Mas a oferta anda maior do que a demanda. Ou melhor, Marcello não tem se deixado seduzir por tamanha tentação. Há cinco anos, está completamente sozinho. Solteiras que já ficaram alvoroçadas, prestem atenção: ?Cada vez mais sei o que quero. E eu desejo uma relação nova, diferente das que já tive e não deram certo. Tive dois casamentos, tenho dois filhos, já namorei, só transei, fiquei com mulher por uma noite, por uma semana, por alguns meses. O tempo passa e a gente fica mais exigente. Os critérios mudam. Eu não aceito mais mulher ciumenta que encrenca com os meus amigos, que liga toda hora querendo saber onde eu estou. Vejo colegas casados sofrendo porque não têm liberdade. Mas liberdade respeitosa a gente conquista. Mulher tem que ser bacana e bom caráter, não gostosa e bonita. Quero uma mulher com princípios, uma cúmplice, uma companheira. Eu busco romantismo e isso anda meio raro?, desabafa.

Não é uma tentativa de se fazer de coitadinho. Se na novela seu personagem trai dentro da própria família ? ?É uma traição muito pesada, se bem que é difícil aguentar uma Ivana ao lado, eu não aguentaria. Um amigo meu disse que tem vontade de pular da janela toda vez que ela fala?, pondera o ator ?, Marcello assume que também já cometeu seus deslizes. ?Já sofri por ser traído e já traí também. E digo, sem dúvida, que a situação é sempre pior para quem trai. Você carrega a culpa e pode colocar um amor importante a perder. O que acontece é que hoje as pessoas estão muito mais permissivas com esse tipo de coisa. E isso se deve à falta de romantismo. As relações não duram nada, são curtas e superficiais. Para uma história entre duas pessoas dar certo não podem faltar duas coisas: humor e respeito?, decreta.

Pai de dois jovens, Diogo, de 18 anos, fruto de seu casamento com Sheyla Beta, e Pedro, 15, de sua relação com Letícia Spiller, ele compara a geração dos filhos com a sua e deixa transparecer um certo saudosismo. ?Meus filhos são muito maduros e conversamos sobre tudo: sexo, drogas, estudos. Mas hoje em dia a bagunça é maior. A pessoa sai e pode beijar cinco em uma mesma noite. Na minha época, beijar uma mulher era um acontecimento. Cadê a graça da conquista? Eu já beijei sem compromisso e não estou dizendo que isso é errado. Só não acho legal. Não é porque estou sozinho há um tempão que vou sair por aí todo dia fazendo besteira e correndo atrás de mulher. Até hoje me lembro do meu primeiro beijo, da primeira transa, com 17 para 18 anos. Hoje em dia tudo acontece muito mais cedo e tento acompanhar a realidade dos meus filhos com muito diálogo. Diogo anda sempre com camisinha na carteira e falo sempre a verdade. Existe a preocupação com doença e gravidez?.

Prestes a completar 50 anos ? Marcello faz aniversário no dia 13 de agosto ?, ele está inteiraço, mas não esconde que o corpinho já não é mais o mesmo. ?Minha melhor fase foi entre 30 e 40 anos. Há esportes que hoje não consigo fazer mais. Mas acho que a sabedoria está no fato de você se adequar. Não corro mais 20km como antes, mas corro cinco, dez?, simplifica. Outra coisa que ele aceita bem são as novidades que estão aí para favorecer a vida dos homens. ?Ainda não precisei de Viagra. Mas se for necessário um dia, com certeza vou usar. A evolução da medicina existe para isso?.

Pé no chão, o ator fala também da tranquilidade com que vê os altos e baixos da profissão. ?Um personagem como o Max é muito difícil de ganhar. Estou celebrando meus 50 anos de idade e 30 de carreira com ele. Curto cada dia. Mas não me iludo. Hoje, sou o antagonista da novela das nove, mas amanhã posso ter um papel pequeno na novela das seis e tudo muda. Briguei para fazer o Quiquiqui de ?Cordel Encantado? porque sempre quis interpretar um gago, mas era uma trama secundária. Não queriam me deixar fazer. Será que meu próximo trabalho vai ser bom? Não sei. Também não ligo para as críticas porque ser ator foi algo que eu sempre desejei, desde pequeno, quando via novela com meus pais em casa. Nessa carreira, um dia você está lá em cima e no outro, lá embaixo. Eu gosto mesmo é das coisas simples. Ir para o meu sítio com os meninos, tomar água sem cloro, respirar ar puro. Dizem que eu falo muito dessas coisas de natureza, mas é isso que garante o meu equilíbrio?, defende.

1.447318?Falam tanto das maldades do Max, mas a realidade é que, infelizmente, ele é fichinha perto de muitos Max da vida real. Um papel como esse, às vezes, explica porque existem os vilões de verdade. Um garoto que cresceu sem carinho, sem instrução e estudo pode se salvar, mas tem 50% de chance de se tornar um marginal como o meu personagem, porque será capaz de fazer qualquer coisa para deixar ou não voltar a ter uma vida miserável. É por isso que converso com meus filhos. É por isso que na minha casa não admito agressão?.

Amores do passado sobrevivem até hoje

Recentemente, Marcello Novaes participou do programa ?Amor & Sexo?, apresentado por Fernanda Lima, ao lado da ex-mulher Letícia Spiller. Os dois estão separados há mais de 10 anos e, na época, o fato causou um certo burburinho até mesmo entre os colegas de trabalho. ?Vários amigos vieram perguntar se tínhamos voltado. Foi até engraçado. Acho pouco inteligente as pessoas que se separam, principalmente as que têm filhos juntos, e não conseguem manter uma relação saudável?, simplifica o ator.

?Eu digo e repito que amo a Letícia até hoje e amo a Sheila também, minha primeira mulher. As duas me deram meus dois filhos, não tem como ser diferente?, resume Marcello.

O ator conheceu Letícia na novela ?Quarto por Quatro?, em 1994, quando interpretaram o casal Raí e Babalu, que caiu no gosto do público. O romance migrou da ficção para a vida real e os dois ficaram casados por quatro anos. Na época da separação, Marcello chegou a dizer que pensava que ficaria com ela para sempre.