Tarde de sol no Parque do Ibirapuera, em São Paulo. Junno Andrade chega pontualmente para a sessão de fotos, acompanhado de dois assessores. Discreto, ele procura não chamar a atenção das pessoas que estão no local. Para se sentir mais à vontade, tira os sapatos e se senta no chão. ?Já que é para fazer uma coisa mais despojada, vamos fazer direito?, brinca o ator e músico, que, em pouco tempo, começa a despertar a curiosidade do público. ?Acho gostoso isso?, diz.
Recentemente, ele teve destaque na novela Salve Jorge como o vilão Santiago e, desde janeiro, ganhou as manchetes ao assumir seu namoro com a apresentadora Xuxa, 50 anos. Apesar disso, Junno garante não estar deslumbrado. ?A fama não chega a ser algo novo para mim, estou acostumado?, diz, referindo-se à época em que se apresentava nos principais programas de auditório da televisão brasileira embalando as plateias com suas canções românticas. Com cabelos volumosos e calças de cintura alta, ele encantava as mocinhas. ?Durante um tempo, não conseguia olhar minhas fotos antigas, tinha vergonha, me sentia mal. Apesar disso, sempre pediam para ver?, diz sobre seu auge nos anos 80.
Aos 49 anos, ele diz que os tempos de galã romântico ficaram para trás. O contato com o universo musical, hoje, consiste em suas composições e um espetáculo semanal em São Paulo, em que toca sucessos de grupos como Skank e Paralamas do Sucesso. O foco, agora, está mesmo na carreira de ator, algo que, segundo ele, sempre esteve em seu radar. ?Em 1989, quando fui gravar o programa Milk Shake, com a Angélica, na extinta TV Manchete, o Jayme Monjardim me chamou para fazer Kananga do Japão. Fiquei com medo, era tímido e não topei. Foi burrice. A novela foi sucesso e durante muito tempo carreguei essa culpa?, lembra.
Depois de negar o papel na novela, ele entrou ainda em outra crise profissional. Cansado das músicas melosas e do estilo Dom Juan que encarnava no palco, Junno resolveu dar um tempo. ?Estourei muito novo, as coisas foram direcionadas para um caminho que não era o que eu queria?, conta, sobre a carreira, iniciada aos 23 anos. Antes disso, em casa, ele costumava brincar com o violão desde os 9 anos, e tocava para os amigos do bairro do Tatuapé, onde nasceu, na Zona Leste de São Paulo. ?Nossa casa sempre foi bem musical?, lembra a mãe, dona Alda. Sem disposição para continuar como cantor, ele resolveu apostar nas próprias composições e, em pouco tempo, suas músicas estavam sendo gravadas por artistas como Chitãozinho e Chororó e Zezé Di Camargo e Luciano ?Foi uma guinada importante para ele, que cresceu muito como artista?, diz o arranjador musical Bozzo Barretti, amigo próximo de Junno.
Estreia tardia
A vida como compositor ia bem, até que, em 2005, o acaso o aproximou novamente de Jayme Monjardim. O diretor havia incluído uma de suas músicas na trilha da novela América e o chamou novamente para conversar. ?Ele insistia para que eu fizesse um teste e, naquele ano, já mais velho, disse a ele: ?Pô, mas você quer um tiozão na TV??. O fato é que aquilo ficou de novo na minha cabeça e, dessa vez, decidi investir fundo, fui estudar teatro a sério?, diz o ator, que demorou ainda seis anos para estrear na TV.
O primeiro convite surgiu em 2011, para ele protagonizar Malhação Conectados, mas o papel acabou ficando com Kadu Moliterno. A estreia televisiva foi na novela Corações Feridos, no SBT, no começo do ano passado, no papel do capataz Eliseu. ?Era gostoso fazer aquela novela, mas a repercussão era outra?, afirma Junno, que, pouco tempo depois, foi chamado para uma ponta em Salve Jorge. ?O Santiago era o brasileiro da boate das traficadas, mas se transformou num falsificador. Nunca conversei com a Glória Perez sobre isso, mas fiquei feliz que o personagem tenha crescido, esse tipo de coisa me dá mais incentivo para continuar?, diz.
Desorganizado
Na vida pessoal, Junno diz estar feliz com o namoro com Xuxa, mas não quer apressar as coisas, apesar do anel que está usando no polegar direito. ?Foi meu presente de aniversário para ela, mas não significa que vamos casar. A gente só pensa em ser feliz. Eu queria dar algo original a ela, uma tarefa difícil, já que a Xuxa tem tantas coisas. Daí, fiz a numerologia dos nossos nomes e botei um símbolo exclusivo no anel?, conta.
Ele e a apresentadora se conheciam desde a década de 80, quando Junno esteve no extinto Xou da Xuxa. O reencontro foi em dezembro do ano passado, durante a gravação de um quadro no programa TV Xuxa. ?Por causa da novela, a produção me chamou para uma retrospectiva, eu disse que não tinha interesse, mas acabaram me convencendo.?
Foi por causa da numerologia também que ele dobrou o ?n? de seu nome. ?Uma pessoa disse que seria bacana e eu acreditei. Mas minha ligação com numerologia e astrologia acaba por aí. Por exemplo, sou o virginiano mais desorganizado do planeta, então, será que essas coisas batem??, brinca o ator, que completa 50 anos em 11 de setembro. ?A data é legal, os outros é que estragaram?, diz Junno, referindo-se aos atentados terroristas nos Estados Unidos em 2001. Ele demonstra tranquilidade com a chegada da idade. ?Tenho uma genética boa, faço ginástica, faço ioga, medito. Mas não sou vaidoso, não tenho nem pente em casa.?
Discreto, ele não gosta de falar detalhes sobre o namoro com Xuxa, nem de contar como tem sido a relação dela com os filhos dele, Vinícius, de 24 anos, que ele teve com a apresentadora Cléo Brandão, e Luana, de 9, de seu relacionamento com a modelo Giuliana Masiviero. ?Já falei muito para você?, diz, rindo. ?Sobre isso, só digo que tento ver as coisas de forma tranquila. Continuo minha vida normalmente?, diz. Xuxa resumiu o bom momento da relação: ?Gosto dele cada vez mais, a cada dia que passa?.