O incêndio que destruiu o acervo de cobras e aracnídeos do Instituto Butantan fez soar o alarme sobre a falta de apoio à conservação do patrimônio histórico natural do país. Nenhum dos grandes museus de zoologia brasileiros conta com um sistema adequado de combate a incêndios, diz o diretor do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZ-USP), Hussam Zaher.
- Aqui só tem extintor.
Nem o fato de o museu ser vizinho a uma base do Corpo de Bombeiros deixa Zaher tranquilo. Alocado em um prédio histórico do Ipiranga, o MZ-USP tem um acervo de 10 milhões de exemplares de bichos da biodiversidade brasileira e mundial, de formigas e minhocas a onças e gaviões. Grande parte deles, preservada em potes com álcool - como se faz em qualquer coleção desse tipo no mundo. A coleção de cobras do Butantan, comparativamente, tinha cerca de 85 mil exemplares.
Apesar de o Butantan ser um órgão estadual, o incêndio provocou repercussões também em Brasília. Especialmente na diretoria de Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente, que prepara uma carta pedindo mais apoio à conservação dos acervos biológicos do país, segundo o diretor de Conservação da Biodiversidade do ministério, Braulio Dias.
- Não podemos permitir que uma tragédia dessas se repita (...) O risco existe em todas as coleções. Nenhuma tem instalações adequadas para detecção e combate a incêndios.
Em outro grande museu de história natural do país, o Museu Nacional do Rio de Janeiro, a situação é igualmente preocupante. Localizado num palácio que data da vinda da família real para o Brasil (1808), o local não conta com brigada de incêndio e grande parte dos hidrantes no entorno do palácio está sem água.