O estilista Alexandre Herchcovitch começa na próxima semana seu trabalho como diretor criativo da Rosa Chá, lançada em 1993 por Amir Slama, que deixa definitivamente a marca. A próxima coleção, a ser apresentada na Semana de Moda de Nova York, em setembro, será a última que levará a assinatura do criador da grife, que imprimiu um conceito diferenciado, chique e elegante à moda praia brasileira. Em janeiro de 2010, as peças serão de Herchcovitch.
Em entrevista exclusiva ao Terra, Herchcovitch fala, em poucas palavras, deste novo desafio e sobre o fato de os criadores brasileiros saírem do comando ou da direção criativa de suas marcas. Muitas delas agora estão nas mãos de grandes empresas, como AMC Têxtil, que ficou com as marcas Forum, Forum by Tufi Duek e Triton. Tufi anunciou sua saída em abril. É da mesma empresa a grife de Marcelo Sommer, também afastado e que agora dirige a marca Do Estilista.
Já Fause Haten vendeu sua marca para a I"M (Identidade Moda), a mesma que havia comprado a Zoomp, que agora está às voltas com a falência. Fause desfila com a etiqueta FH.
A própria marca Alexandre Herchcovitch não é totalmente dele. No ano passado, após quase ter assinado com a I"M, desistiu do contrato e em novembro vendeu 70% para a Inbrands, também detentora da Ellus, criada por Nelson Alvarenga, Isabela Capeto, e ainda do portifólio de trabalho da Luminosidade, de Paulo Borges, que inclui São Paulo Fashion Week e agora o Fashion Rio. A Rosa Chá pertence ao grupo Marisol. Em 2006, Slama vendeu 75% da empresa e, em 2008, os 25% restantes.
Em nota oficial do grupo Marisol, a empresa explica porque aceitou o nome de Herchcovitch, indicado pelo próprio Slama. "Amir, que ainda assina a próxima coleção verão 2009/2010, sugeriu Alexandre por terem afinidades e reconhecerem o estilo um do outro. Os dois estilistas trabalharam conjuntamente em algumas ocasiões, quando a Rosa Chá fez biquínis e maiôs desenhados por Alexandre para sua marca e também para figurinos de teatro. A partir destas experiências, Amir viu que é possível manter o DNA da grife com outro criador à frente, e escolheu Herchcovitch, nome acolhido pela Marisol S.A." Confira a seguir a entrevista com Alexandre Herchcovitch:
Terra - Qual o maior desafio em assumir uma grife que tem o DNA de Slama, seu amigo?
Alexandre Herchcovitch - Manter o DNA da marca Rosa Chá.
Terra - Como pretende manter o estilo da marca ou o que pode mudar?
AH - Antes de mais nada, vou estudar a marca. Não sou de fazer grandes mudanças, não seria uma medida inteligente.
Terra - Já tem idéia de modelagem, tecido, estilo que usará na Rosa Chá? O látex sempre foi um material de que você gosta, pretende usá-lo para a marca?
AH - Acho que látex não faz parte do histórico da marca Rosa Chá.
Terra - Você acha que assumir a Rosa Chá é um passo a mais para sua carreira internacional? Por quê?
AH - É mais um passo para minha carreira em geral. Vou crescer com mais esta experiência.
Terra - Você já trabalhou com a Zoomp e com a Cori. Qual a diferença agora de criar para a Rosa Chá, numa área em que você nunca trabalhou efetivamente, que é a moda praia?
AH - O trabalho em si não difere. O novo é criar para uma marca de praia.
Terra - Quando começaram as negociações e como a Inbrands aceitou sua ida à "concorrência"?
AH - Tudo ocorreu há menos de um mês. Rosá Chá não é concorrente.
Terra - Como você vê o afastamento dos criadores das marcas - algumas com seus próprios nomes - da direção de estilo delas? Não há uma perda de identidade? Você acha isso produtivo para a moda brasileira
AH - Se seus sucessores souberem preservar o DNA da marca, não haverá perda de identidade. O afastamento se dá por diversos motivos que muitas vezes nem iremos saber.
Terra - Você nunca tinha pensado em criar uma linha de moda praia com o seu nome?
AH - Já pensei sim, mas não fui fundo.
Terra - Defina em poucas palavras a marca Rosa Chá e o trabalho de Amir Slama no cenário da moda brasileira e seu reconhecimento fora do Brasil.
AH - Rosa Chá conseguiu fazer um beachwear prêt-à-porter e levar moda para praia. Foi pioneiro nisto.