Os cinéfilos teresinenses têm algo a comemorar na terça-feira, 18 de maio. Com a reabertura da Casa da Cultura de Teresina, após três meses de portas fechadas para reforma, volta também o tradicional Clube de Vídeo, ponto de encontro no comecinho da noite para os amantes da sétima arte. A happy hour a vinte e quatro frames por segundo mantida pela Fundação Municipal de Cultura Monsenhor Chaves acontece na Sala de Vídeo da antiga morada do Barão de Gurguéia, por volta das 18h30. Como todos já sabem, e agradecem, a entrada é gratuita.
E a retomada das atividades do Clube de Vídeo não poderia ser em melhor estilo, com o filme À Noite Sonhamos (A Song to Remember, 1945), produção dirigida por Charles Vidor sobre um dos maiores gênios da música para piano solo, Frederick Chopin. Compositor polaco da era romântica, sua técnica refinada e a elaboração harmônica com perfeito casamento junto ao piano, colocam-no sempre ao lado de grandes referências, como Beethoven e Mozart. Mas a vida de Chopin é marcada por diversos contratempos, sua saúde fragilidade e seu intenso romance com George Sand, pseudônimo da escritora francesa Amandine-Aurore-Lucile Dupin, ou baronesa Dudevant.
O clássico de Vidor, realizado antes de Gilda e Os Amores de Carmen, debruça-se sobre a fuga de Chopin da Polônia para Paris após se recusar a tocar para o governador Czarista, onde conhece Lucile Dupin. Perdido de paixão pela escritora, mas sem querer tornar isso público, leva-a para a região de Marjoca, onde o clima úmido e chuvoso do local termina por piorar sua já avançada tuberculose. Com as atuações marcantes de Cornel Wilde no papel de Chopin e Merle Oberon como George Sand/Lucile Dupin, À Noite Sonhamos concorreu a seis estatuetas Oscar, incluindo ator, roteiro original e trilha sonora.
Além das composições de Miklós Rózsa e Morris Stoloff, o filme é pontuado por músicas do próprio cinebiografado, no total de 16 de suas partituras mais conhecidas: Noturno Opus 9 nº 2, Estudo Revolucionáro (Dó menor) Opus 10 nº 12, 15º e 16º Prelúdios Opus 28, Estudo Opus 10 nº 3 (Tristesse), Primeira Balada Opus 23, entre outras. Chopin nunca nomeou uma obra instrumental para além do número e do gênero, tendo sido o primeiro a escrever baladas e scherzi como peças individuais, além de ter tomado emprestado os prelúdios e as fugas de Bach e transformado o gênero em seu próprio prelúdio.