Despedido do público ao sambista perfeito Arlindo Cruz. |
Reprodução/RJ2
A quadra do Império Serrano, em Madureira, Zona Norte do Rio, se transformou desde o início da noite deste sábado (9) em ponto de encontro para fãs, amigos e admiradores que foram prestar a última homenagem a Arlindo Cruz. O velório, em formato gurufim — tradição de velórios festivos trazida ao Brasil por africanos escravizados — começou com o som de atabaques e cânticos de candomblé.
A programação prevê a apresentação da bateria da escola e segue aberta ao público até as 10h deste domingo (10). Antes da abertura, familiares e amigos próximos participaram de um momento reservado de despedida ao cantor e compositor, falecido na sexta-feira aos 66 anos.
QUADRA PREPARADA PARA A ÚLTIMA HOMENAGEM
Desde a tarde, a quadra passou por ajustes para receber o corpo. Coroas de flores ocuparam o espaço, enviadas por diversas personalidades e instituições, incluindo a Beija-Flor de Nilópolis e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acompanhado da primeira-dama Janja. Mesmo antes da liberação para o público, admiradores já se aproximavam para prestar respeito.
REENCONTRO DE AMIGOS
Entre os que compareceram, estava Zeca Pagodinho, amigo e compadre do sambista. “É muita vida juntos... Ele é padrinho do meu filho”, declarou, emocionado. O filho do artista, Arlindinho, chegou por volta das 15h30 e também falou sobre o momento difícil.
“Achava que ia ser mais fácil porque ele vinha mal, teve uma piora nos últimos meses. Analisando o quadro ali eu sabia que o melhor era ele ir para outro plano, descansar esse corpo. Ainda assim ele sentia muito em ficar vivo, muito forte, lutou lutou lutou... Meu pai até na hora de partir foi um ensinamento”, afirmou.
O sepultamento está marcado para este domingo, às 11h, no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap.
TRAJETÓRIA MARCADA PELA LUTA
A morte foi confirmada pela esposa, Babi Cruz, no início da tarde de sexta-feira. Arlindo estava internado desde abril no hospital Barra D’Or, na Zona Oeste, e faleceu por falência múltipla dos órgãos.
Desde 2017, quando sofreu um acidente vascular cerebral hemorrágico, sua saúde ficou fragilizada. O sambista passou longos períodos internado e já não se apresentava.
LEGADO PARA A CULTURA BRASILEIRA
Em nota, a família destacou:
"Mais do que um artista, Arlindo foi um poeta do samba, um homem de fé, generosidade e alegria, que dedicou sua vida a levar música e amor a todos que cruzaram seu caminho. Sua voz, suas composições e seu sorriso permanecerão vivos na memória e no coração de milhões de admiradores".
O comunicado também agradece pelas manifestações recebidas:
"Agradecemos profundamente todas as mensagens de carinho, orações e gestos de apoio recebidos ao longo de sua trajetória e, especialmente, neste momento de despedida. Arlindo parte deixando um legado imenso para a cultura brasileira e um exemplo de força, humildade e paixão pela arte. Que sua música continue ecoando e inspirando as próximas gerações, como sempre foi seu desejo".