Mylla Karvalho
Quem cresceu no Nordeste (principalmente no interior) está acostumado a escutar músicas de forró e brega que cantam o amor heterossexual e a ver, quase exclusivamente, casais formados por homens e mulheres dançando de corpos colados nas praças ou salões das cidades. Ironicamente, para Pabllo Vittar, uma artista queer que ousa reivindicar esses gêneros, foi a estética desses shows que despertou nela a vontade de ser cantora e o interesse pela performance de drag queen. “O que sempre me chamou a atenção eram as mulheres das bandas, como elas cantavam com aquelas vozes potentes, a Mylla Karvalho, por exemplo, ex-vocalista da Companhia do Calypso, que era um furacão no palco. Eu pensava: ‘Quero ser ela!’, ela não tem medo de nada, grita, joga o cabelo no palco...”, lembra. O bordão yukê (e o que?), que Vittar solta nos shows com seu característico e afinadíssimo agudo para conclamar os fãs a cantar junto com ela, é uma das referências diretas a Karvallo. “Eu tinha que fazer esse álbum também para homenagear essas mulheres que me fizeram sentir forte e sonhar com uma carreira na música.”
Em entrevista ao Baú Calypso em 2020, Mylla foi questionada sobre ter influenciado Pabllo e outros artistas, e disse que segue a drag, e que já chegaram a conversar por DM algumas vezes. pic.twitter.com/s9K8HmIR9x— simon (@theperrydise) January 6, 2021