O ator e diretor Marcius Melhem reconhece ter cometido vários erros ao se relacionar com mulheres com quem trabalhou na Globo. "Fui um homem tóxico, um marido péssimo, uma pessoa que cometeu excessos ao se relacionar com pessoas do seu próprio ambiente de trabalho", diz.
Mas refuta acusações de violência sexual: "Embora confesse os meus excessos, eu jamais tive alguma relação que não fosse consensual e jamais pratiquei algum ato de violência com quem quer que seja na minha vida".
"Mergulhei na minha própria lama para entender os meus erros", diz Melhem em uma longa entrevista exclusiva ao UOL, conduzida por Maurício Stycer e por Dolores Orosco, editora-chefe do Universa, na qual ele repassa a sua versão sobre várias situações vividas nos últimos anos. "Sou a pessoa mais interessada que tudo seja esclarecido".
Dizendo que pretende combater mentiras ditas a seu respeito, Melhem anunciou que entrou com uma ação na Justiça contra a advogada Mayra Cotta para que ela prove as denúncias contra ele. Em entrevista à jornalista Mônica Bergamo, na Folha, Cotta falou em nome de seis mulheres que acusam o artista de assédio sexual.
Melhem também disse que, mesmo lamentando ter que tomar esta atitude, fará uma interpelação judicial a Dani Calabresa, pedindo que ela confirme ou desminta relatos de assédio que teria sofrido. Em reportagem da revista Piauí que chegou às bancas na sexta, o repórter João Batista Jr. descreve em detalhes uma tentativa de assédio sexual ocorrida numa festa, em um bar, em 2017.
"Eu e ela sabemos que aquilo não aconteceu", diz. E afirma dispor de provas. "Eu tenho, assim como ela tem, toda a comunicação que tivemos em todos esses anos", afirma. E cita um exemplo: "Uma semana depois daquela festa, que eu teria feito aquilo, aquele absurdo, a Dani me convida para ir à Disney, eu e minhas filhas".
Sobre acusações de assédio moral dentro da Globo, Melhem reconhece que errou ao não ter estabelecido distância dos seus subordinados. Ele afirma que geriu a área de humor como se todos fossem amigos íntimos. "Hoje eu vejo o erro disso", diz. "Mas nunca inibi, coagi, demiti, persegui. Isso não existe. Não existe um relato de 'se você não fizer isso, eu não te dou aquilo'. Isso não existe".
Pressionado após negar a veracidade de inúmeros relatos, Melhem reconheceu: "Eu acredito que tenham pessoas que eu genuinamente feri, que genuinamente eu magoei. Que eu gostaria muito de saber quem são. E se isso aconteceu, realmente, que eu acredito que aconteceu, me desculpar, reparar e assumir responsabilidade. Quero assumir responsabilidade por qualquer coisa que eu tenha feito", diz. "Mas existem neste grupo processos de vingança contra mim".