Em mais de 40 anos de carreira, o ator Robert Downey Jr. não economizou nos altos e baixos: fez sucesso como galã teen, afundou nas drogas e ganhou fama de encrenqueiro, até ressurgir como estrela de blockbuster e ator mais bem pago de Hollywood.
Drogas na família: Downey Jr. estreou como ator aos cinco anos, no filme "Pound", dirigido por seu pai, Robert Downey Sr. Foi ele quem introduziu o filho às drogas, deixando que ele fumasse maconha desde os seis anos - algo do que, depois, disse ter se arrependido. Sua mãe, Elsie, teve uma breve carreira como atriz e lutou contra o alcoolismo. Em 2014, quando ela morreu, aos 80, de problemas cardíacos, Downey Jr. escreveu sobre como o fato de a mãe ter abandonado o vício o ajudou a fazer o mesmo:
"No verão de 2004, eu estava em má forma. Ela me ligou do nada e eu admiti tudo. Não me lembro do que ela disse, mas nunca bebi ou usei [drogas] desde então."
Em junho de 2014, o filho de Downey Jr., Indio, foi preso por posse de cocaína. O ator pagou a fiança e disse que "infelizmente há um componente genético no vício e é provável que Indio o tenha herdado. Estamos determinados a ajudá-lo a se tornar o homem que tem capacidade de ser (...) e acreditamos que ele pode ser uma história de recuperação."
O sucesso na juventude: Nos anos 1980 Downey Jr. abandonou os estudos para se dedicar integralmente à carreira de ator. Durante toda a década, fez uma série de filmes jovens, como "Tuff Turf - O Rebelde", "Mulher Nota Mil", "O Rei da Paquera" e "1969 - O Ano que Mudou Nossas Vidas". Nessa época, namorou a atriz Sarah Jessica Parker. O casal se separou em 1991, por causa do problema de Downey Jr. com drogas.
Prêmios por "Chaplin": O respeito da indústria veio em 1992, quando o ator ganhou o BAFTA e foi indicado ao Oscar por "Chaplin", no qual interpretou o ícone do cinema mudo. Downey Jr. se preparou intensamente para o papel, imitando a postura e a forma de andar de Chaplin, e foi elogiado mesmo por críticos que não gostaram do filme. A partir daí, trabalhou com diretores como Robert Altman, Oliver Stone e Michael Hoffman.
A pior fase: De 1996 a 2001, porém, a carreira de Downey Jr. foi marcada por uma série de temporadas em clínicas de reabilitação e prisões por causa de posse de drogas (cocaína, heroína e maconha) e armas. Em uma ocasião, sob efeito de remédios, invadiu a casa do vizinho e dormiu em uma das camas. Outra vezes, não compareceu aos testes de drogas regulares, impostos pelo tribunal, e foi preso novamente.
Ally McBeal: Em 2000, após pagar US$ 5 mil (R$ 16 mil) e passar um ano entre um centro de tratamento e uma prisão na Califórnia, Downey Jr. foi libertado e conseguiu um papel na série "Ally McBeal". Elogiado pela atuação, se manteve empregado mesmo depois de ser preso novamente por posse de drogas, antes mesmo de concluir sua primeira temporada do programa. Porém, uma segunda detenção, em abril de 2001, levou o produtor David E. Kelley a demitir o ator. Downey Jr. evitou a condenação a mais anos de cadeia entrando em uma clínica de reabilitação. Ele diz estar sóbrio desde 2004.
O pós-rehab: Downey Jr. conseguiu voltar ao cinema no filme "The Singing Detective" graças a Mel Gibson, que pagou um seguro para qualquer dano que Downey Jr. pudesse causar à produção. Este tipo de acordo se tornou comum na carreira do ator, que assinou vários contratos com cláusulas que asseguravam os estúdios em caso de mau comportamento. Em "Na Companhia do Medo", por exemplo, ele só recebeu o salário completo depois que a filmagem acabou.
Homem de Ferro: Embora Downey Jr. viesse conseguindo bons papéis no fim dos anos 2000 em filmes como "Boa Noite e Boa Sorte", "O Homem Duplo", "A Pele" e "Zodíaco", foi o blockbuster "Homem de Ferro" (2008) que representou a guinada na carreira. O ator fez enorme sucesso no papel de Tony Stark, o empresário que vira super-herói, e emprestou seu humor e até a aura de bad boy ao personagem. Sucesso de bilheteria, a franquia rendeu mais dois filmes, além do sucesso "Os Vingadores", e colocou Downey Jr. entre os maiores cachês de Hollywood. Em 2013 e 2014, ele foi considerado o ator mais bem pago do mundo pela revista "Forbes", com ganhos estimados em US$ 75 milhões (R$ 241,6 milhões).
Oscar e produtora: Além de ir bem nas bilheterias com blockbusters como "Homem de Ferro", "Os Vingadores" e "Sherlock Holmes", Downey Jr. também recuperou o respeito da crítica. Em 2008, foi indicado ao Oscar de ator coadjuvante pela comédia "Trovão Tropical". Dois anos depois, ao lado da mulher, Susan, criou sua própria produtora, cujo primeiro projeto finalizado é "O Juiz", que estreou em 2014.