Ainda hoje, aos 68 anos, Cláudia Alencar se lembra bem das dores do aborto que fez, aos 17 anos.
“Eu fiz o aborto sem anestesia. Ele colocou um ferro dentro de mim, que eu me lembro a dor até hoje. E fez assim [gesticula], raspou e jogou no lixo de metal, que eu ouço o som até hoje e a dor até hoje. E eu fui com meus pais, com a boca fechada, tirar férias no Guarujá, não falei nada para ninguém”, diz a atriz em entrevista a Daniela Albuquerque.
E com base em suas experiências pessoais, a atriz defendeu a descriminalização do aborto no Brasil e como é importante alertar todas as mulheres.
"Nós não fazemos amor para abortar, isso é uma mentira. Eu fiz todas as precauções para não ter filhos e tive. Eu não poderia, meus pais eram professores, meu pai era filósofo, não tínhamos dinheiro, então eu sei da dor das mulheres em fazerem um aborto. Eu sei da dor e sei que nenhuma mulher é monstro, nenhuma mulher. Todas as mulheres querem ter filhos, mas elas não podem. E se elas não podem, que o Brasil legalize o aborto como os Estados Unidos, para que nós passamos ter os filhos nas melhores condições e dar a eles o nosso melhor, nosso maior amor”, defendeu.
Mãe de Yann, de 30 anos, e Crystal, de 26, Claudia afirmou também que nunca se arrependeu da decisão.
“Tenho dois filhos lindos, nunca me arrependi porque eu sei que eu não seria a mãe que eu fui porque não tinha maturidade, eu não teria dinheiro, não teria a possibilidade de criar e dar para eles o melhor, e eles estão aí no mundo para dar para o mundo o melhor”.