Doze anos após a morte do companheiro, que era capitão do Exército em Juiz de Fora, na Zona da Mata de Minas Gerais, o bancário aposentado José Américo Grippi, 66 anos, ganhou na Justiça Federal o direito de receber pensão militar. O primeiro pagamento vai ser feito em março, de acordo com a assessoria de imprensa do Exército Brasileiro em Brasília. O ex-bancário comemora a conquista e encoraja quem luta pelo reconhecimento de uma relação homossexual. ?É essa mensagem que eu passo para as pessoas que tiveram a mesma coragem que eu tive, que vão à luta por seus direitos?, falou Grippi.
A união do casal durou 35 anos, segundo Grippi. Ele contou que viveu um caso de amor e que os dois construíram uma vida juntos, por isso o desejo de ter a relação reconhecida. ?Fui à Justiça para conseguir o meu direito de cidadão?, disse Grippi, que relatou ter morado com o capitão em um sítio na cidade de Juiz de Fora. Ele conta que a relação era discreta e tinha a aprovação da sogra. ?Ela era minha aliada, sempre foi minha amiga e sempre aprovou nossa união?, disse.
Quando o capitão Darci Teixeira Dutra morreu, em 1999, deixou casa, sítio, apartamento e dois carros. Inicialmente, os bens ficaram com duas irmãs do capitão, mas Grippi achou que também tinha direito e entrou na Justiça. Cerca de dois anos depois, passou a ter direito à metade dos bens. Mas ele ainda não estava satisfeito e entrou de novo na Justiça para pedir a pensão militar.
Antes da decisão, o aposentado pocurou o Exército, mas, segundo ele, teve o pedido negado. Foi quando recorreu à Justiça Federal e, no final do ano, passado veio a decisão. Na ação ordinária na Segunda Vara Federal de Juiz de Fora, o juiz Renato Grizotti Júnior determinou que o comando da 4ª Região Militar passasse a pagar um terço da pensão ao bancário aposentado. Segundo Grippi, em setembro do ano passado, foi feito um acordo com as duas irmãs do capitão, que dividem os outros dois terços do benefício.
Procurada, a Segunda Vara Federal de Juiz de Fora deve se pronunciar sobre o caso na tarde desta quarta-feira (23).
Sobre o posicionamento do Exército perante o caso, o Centro de Comunicação do Exército, em Brasília, informou que a instituição cumpre rigorosamente os instrumentos legais observando o que está previsto na Constituição Federal. A assessoria informou que a decisão judicial foi recebida e, de imediato, a instituição vai cumprir as decisões legais que lhe forem determinadas.