Irineu é advogado, tem 65 anos e foi criado numa tradicional família paulistana. Serginho tem 21, ganha a vida como o personagem "Orgastic" e, segundo ele próprio, é um "extravagante". Apesar das diferenças, pai e filho encontraram um canal de entendimento: o diálogo. "Sou o mais despojado da família, meu pai é todo tradicional. Somos bem diferentes e aprendemos um com o outro. Ele me dá liberdade para conversar tudo com ele. Sem nenhum pudor, nenhum tabu", conta Serginho.
Os dois nunca precisaram sentar para ter "a conversa", pois, segundo Irineu, "já se sabia desde criança qual era a orientação sexual do Serginho". "A professora nos chamou na escola e disse que ele procurava ficar mais com as meninas, que as brincadeiras dele eram mais de meninas. Geralmente o pai não nota, ou finge que não nota e depois toma aquele choque. Aqui não aconteceu", explica o pai, que diz ter lido sobre homossexualismo e conversado com psicólogos para não errar com filho.
Para Serginho, a abertura em casa o transformou no que ele é, um garoto sem medo de se expor. "Desde pequenininho, sempre fui muito apegado aos meus pais, muito mimadinho. Sempre teve conversa e essa conversa dá mais liberdade. Liberdade de poder rir, de fazer uma piada e não ter medo. Em algumas famílias, os pais privam os filhos de certas coisas, mas aqui foi diferente. Isso ajudou a desenvolver esse meu lado artístico, humorístico e extravagante."
A aposta na liberdade não fez de Serginho um desajustado. Tudo o que ele faz reporta ao pais. Até quando está na balada, liga duas, três vezes para casa. "Eles não me pedem pra dar satisfações, mas eu gosto de dar. Eu moro com eles, não moro sozinho", opina o ex-BBB, que nunca sofreu com palmadas ou gritos. "Nunca tive uma reprovação de nada. Só o saudável, discussões normais. Meu pai nunca me bateu, minha mãe nunca me bateu. Nem verbalmente, nunca me ofenderam."
Na casa onde mora com os pais no bairro do Morumbi, em São Paulo, Serginho tem total liberdade para trazer amigos, ficar até de madrugada na internet, acordar só de tarde, aproveitar as caroninhas da mãe e até levar namorado. "O dia que ele me apresentar um namorado não há problema nenhum. Posso ficar com um pouco de ciúmes como se tivesse uma menina, mas só isso", revela Irineu. Com tanta mordomia, o filhinho não quer sair debaixo das asas do pai. "Vou ganhar um apartamento do meu pai no Rio de Janeiro porque trabalho lá. Ter um espaço meu eu quero ter, mas não vou ficar 100% neste local. Vou estar sempre aqui com meus pais."