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Com multidão protestando, presidente do Egito deixa o Cairo

Mubarak foi para balneário no Mar Vermelho, segundo seu partido.

O presidente do Egito, Hosni Mubarak, foi para o balneário de Sharm el Sheij, no Mar Vermelho, a 400 km do Cairo, informou nesta sexta-feira (11) Mohammed Abdellah, porta-voz de seu partido, o Nacional Democrático.

Mubarak, que tem uma residência no balneário, deixou a capital em meio a mais um dia de grandes protestos de rua pedindo sua saída imediata do governo. Testemunhas viram dois helicópteros decolando do palácio pouco depois do anúncio do porta-voz.

A TV estatal anunciou que a Presidência do Egito faria um comunicado "importante e urgente" em breve, mas não adiantou o teor.

Pouco antes, o Exército soltou nota prometendo levantar o estado de emergência sob o qual o país vive desde 1981, "assim que as circunstâncias atuais terminarem".

Os militares também prometeram garantir uma eleição presidencial "livre e justa" em setembro, além de mudanças na Constituição e da proteção da nação, que vive há 18 dias uma crise política sem precedentes, com fortes manifestações de rua pedindo a renúncia imediata do presidente, de 82 anos e há 30 no poder.

No comunicado, que foi interpretado como uma demonstração de apoio a Mubarak, o Exército disse que não vai perseguir os "honrados cidadãos que rechaçaram a corrupção e pediram as reformas".

O comunicado do Exército deixa claro que os militares querem que a população encerre os protestos de rua e volte para casa.

Clima tenso

O clima seguia tenso no Cairo, onde manifestantes antigoverno tomavam mais uma vez as ruas, um dia após o líder ter transmitido os poderes "de fato" para Suleiman. A France Presse avaliou que ao menos um milhão de pessoas participavam dos protestos.

Insatisfeitos com o discurso de Mubarak na véspera, egípcios se reuniam na frente do palácio presidencial para pedir sua saída imediata do poder e ameaçavam invadir o prédio. O Exército, que guarda o palácio, observava, mas não tentava impedir os manifestantes.

Os protestos se intensificaram depois das tradicionais orações do meio dia da sexta-feira (8h de Brasília).



Na Praça Tahrir, foco das manifestações, três soldados egípcios abandonaram os uniformes e as armas e se uniram aos manifestantes contra o regime, afirmaram testemunhas.

"Eles se uniram à multidão sorrindo e gritaram frases a favor da queda do regime", declarou à France Presse uma das testemunhas, o estudante Omar Gamal.