Otávio Almeida participou da gravação de Encarnado |
Divulgação
De Torquato Neto, o anjo torto que registrava filmes em super 8, até Cícero Filho e o sucesso estrondoso do humorístico "Ai Que Vida!”, o cinema piauiense tomou personalidade de forma tímida, mas sempre marcada pela criatividade e o forte regionalismo.
Atualmente, não é diferente e novos nomes despontam no mercado cinematográfico. A sétima arte permanece encantadora para aqueles que têm uma câmera na mão e uma ideia na cabeça.
Ana Clara e Otávio Almeida, por exemplo, gravaram o curta-metragem "Encarnado" em Castelo do Piauí. A película foi parar no Festival Oberhausen, na Alemanha, um dos mais tradicionais do mundo, ao lado de cineastas de 40 países.
Otávio Almeida participou da gravação de Encarnado - Divulgação
Filmagens
Os alemães se encantaram pela narrativa que mostra dois homens isolados no sertão em meio a paisagens do Cânion do Rio Poti e exuberâncias que só existem no Piauí.
Na ficção experimental de 22 minutos, o coreógrafo Marcelo Evelin e o vaqueiro Naelson Vieira, convidado a integrar o elenco durante as filmagens nas redondezas da sua Fazenda Santo Expedito, no caminho ao Rio Poti, vivem uma história inédita. Ana Clara conta que o filme surgiu no contexto da pandemia.
Ana Clara diz que filme surgiu na pandemia - Divulgação
"Filmamos em Castelo para fazer cenas que mostram o rio. Então Áureo [Tupinambá Jr.] comentou sobre o Castelo e os Cânions. Eu já tinha vontade de conhecer, então decidimos gravar lá. Foi maravilhoso. É um filme muito piauiense porque junta sertão, rios e pedras. É quase pré-histórico", revela.
A cineasta conta que foi muita emoção ver o filme em meio a tanta gente talentosa. "Para nós, aquilo já era um prêmio. A gente pôde conversar com outros cineastas e dividir alguns projetos. É um festival que valoriza o trabalho de artistas que lutam para fazer trabalhos e não têm incentivos financeiros que existem na Europa e Estados Unidos. O cinema piauiense precisa continuar resistindo", acrescenta.
Cinema local com sabor de hortelã
Thiago Furtado é outro cineasta que se destaca no cinema piauiense. Com "Hortelã", que trata de uma relação homoafetiva de dois rapazes em um contexto regional, gerando identificação com o público, foi bastante elogiado.
A ideia de Hortelã foi "Eu escrevi um argumento e chamei o Ítalo Damasceno para ser meu co-roteirista. Eu queria outro olhar dentro do roteiro. Então, o filme fala sobre amores, desamores, porque essa ideia de término já foi muito explorada. Queríamos um diferencial", acrescenta.
Thiago Furtado busca um novo olhar no cinema com ´Hortelã’
Cinema piauiense
Thiago conta que o cinema piauiense está em formação. "Ele um dia vai conseguir se desenvolver. Por enquanto são esforços coletivos de quem quer contar uma história. É preciso criar uma representatividade dentro dessa arte que a gente consegue transpor, mesmo aos trancos e barrancos", aponta Thiago Furtado.
Morando na Bahia, Thiago quer fazer mais cinema piauiense.
"Meus planos para o futuro é desenvolver alguns projetos que estou fazendo em Salvador, mas que quero gravar no Piauí. Esse é meu objetivo de vida nos próximos cinco anos, ou menos. Quero mais histórias do Piauí feitas por piauienses. Embora eu não seja um de fato, eu sou de coração", considera.
O cineasta espera produzir cada vez mais. Estão na lista de produções um filme sobre o Motorista Gregório, um mártir da cultura popular de Teresina, além de uma produção sobre Benício Bem, artista que mora no bairro Morada Nova, zona Sul da capital.
Parada de Cinema irá movimentar a cidade- Divulgação
Uma Parada para Teresina
Teresina recebe mais uma edição da Parada de Cinema nos dias 19 a 21 de agosto. Este ano, o evento tem como foco a "Conexão Teresina". O evento conta com o apoio do Governo do Estado do Piauí através do SIEC, além da Equatorial Energia.
Tássia Araújo, organizadora do evento, explica que o público pode aguardar uma programação plural e regional.
"As pessoas podem esperar muita qualidade se tratando de filmes piauienses. Depois de 8 anos produzindo a mostra, estamos com uma mostra 100% local, com produções teresinenses de excelente qualidade", afirma.
A Parada de Cinema disponibilizou bolsas estímulo de R$5 mil para cineastas produzirem filmes teresinenses. Foram escalados para essa missão Poliana Oliveira (Sonhos Que Envelhecem Cedo), Juhx (Telefone Sem Fio), além da dupla Germano Portela e Milena Rocha (Terra Nossa).