Christiane Torloni vai interpretar uma mulher bissexual na peça A Loba de Ray-Ban, que estreia em São Paulo, no teatro Frei Caneca, no próximo dia 7 de novembro.
Ao falar sobre a peça, ela fez questão de lembrar de sua personagem na novela Torre de Babel (Globo), que morreu na explosão de um shopping, por ser homossexual.
- Já tive de morrer na TV por fazer uma personagem homossexual. Nos anos 90, eu fiz um casal com Silvia Pfeifer, em Torre de Babel. Era o casal mais tranquilo da novela. O mais bem sucedido. Mesmo assim, elas tiveram de morrer daquela forma horrorosa, em uma explosão dentro de um shopping, por conta do preconceito.
Para Torloni, sua personagem no teatro, que se envolve com uma atriz mais jovem, interpretada por Maria Maya, abre caminhos.
- Ainda existe o tabu contra a homossexualidade. Então, uma das bandeiras dessa peça é a favor da sexualidade. As personagens dialogam sua liberdade. Não é que elas sejam homossexuais. Elas são sexuais. Vivem pelo desejo e pela paixão.
A atriz afirmou que muita gente ?aparente uma sexualidade que não tem?.
- Tem cara que você olha e fala: esse é bofe. E não é não! [risos]. A peça não defende a homossexualidade. Ela defende a honestidade.
Christiane e Maria, que fizeram mãe e filha na novela Caminho das Índias (Globo), contaram que a proximidade na trama de Gloria Perez ajudou na peça dirigida por José Possi Neto. Maria lembra:
- Quando me disseram que seria filha dela, pensei que fosse pegadinha, porque ela já havia me convidado para a peça.
Torloni já viveu o papel que hoje é de Maria em 1987, na primeira montagem do texto de Renato Borghi. Ela, que afirmou ?cuidar muito bem? de seu corpo, aproveita os 22 anos que separam as duas encenações para filosofar:
- Acho que estou crescendo. Tenho muito orgulho da minha trajetória. Poder continuar nessa profissão para mim é a glória. Um dia, quem sabe, não vou fazer a vovó da Loba? Ou a vovozinha do lobo mau? [risos]