O fotógrafo e jornalista Chico Rasta é o vencedor do I Concurso de Fotografia da Oceana, maior organização não governamental, sem fins lucrativos, exclusivamente dedicada à proteção e recuperação dos oceanos em escala global. Nascido em Parnaíba, no Piauí, o fotógrafo levou o primeiro lugar com uma imagem da pesca artesanal na praia de Bitupitá, em Barroquinha, no Ceará.
A imagem retrata pescadores se equilibrando em estacas de madeira cravadas no fundo mar para realizar a manutenção dos currais de pesca, que chegam a ser construídos em até 15 quilômetros da praia, conforme a maré. O prêmio é um Drone Dji Spark e um kit completo da Oceana. Ao todo, 255 trabalhos foram inscritos.
"Agradecemos e parabenizamos todos os participantes do concurso, especialmente os três vencedores, que trouxeram a pesca sustentável e a biodiversidade marinha em belíssimas imagens", disse o diretor-geral da Oceana, o oceanólogo Ademilson Zamboni. "Lançamos esse concurso na intenção de trazer as pessoas para perto do mar. Queremos com essa iniciativa lembrar a sociedade da urgência de combater a poluição dos oceanos e promover a pesca sustentável", afirmou.
O olhar do fotógrafo Christian Knepper sobre cardumes de tralhotos, conhecidos popularmente como peixes-de-quatro-olhos, leva o segundo prêmio do concurso - uma GoPro Hero 7 Black e um kit completo da Oceana. A imagem foi captada em São Luís, no Maranhão, região de manguezais onde esses cardumes surgem perto das margens e praias.
A pesca artesanal também é tema do terceiro colocado, imagem que retrata um cerco flutuante na Ponta da Juatinga, baía da Ilha Grande, em Paraty, Rio de Janeiro. Nela, o fotógrafo Enrico Marone registra um método artesanal passado de geração em geração entre as famílias de pescadores da região. Eles vão ao cerco duas ou três vezes ao dia para a despesca. A premiação é um estabilizador para filmagem em celular e um kit completo da Oceana.
Seleção
Com o tema "Meu lar é o mar: retratos da vida nos oceanos", o concurso buscou olhares sobre a conservação marinha e a pesca sustentável. As imagens vencedoras foram selecionadas pelo júri formado por um time de especialistas de diferentes áreas. São eles: o fotógrafo Luciano Candisani, a recordista mundial de surfe em ondas gigantes Maya Gabeira, o artista Oskar Metsavaht, a jornalista Paulina Chamorro e o repórter cinematográfico Paulo Zero.
Paulina Chamorro reforça a importância do olhar voltado para os oceanos. "A nossa reconexão com o oceano tem que ser feita pelo reconhecimento de que a vida no planeta, o equilíbrio climático e o oxigênio que respiramos também dependem dele".
Os oceanos poderiam alimentar um bilhão de pessoas com uma refeição saudável de frutos do mar todos os dias, mas a sobrepesca em muitas regiões do planeta e a poluição por plásticos estão pondo em risco essa importante fonte de alimento para a população mundial.
Pesca
O crescimento sustentável da produção de pescado constitui um desafio para todos os países e especialmente para o Brasil, que carece de informações consistentes sobre a pesca marinha. Desde 2009, o Brasil não publica estatística pesqueira. Atualmente, o país sequer conhece a situação dos estoques pesqueiros, que são as populações de espécies exploradas economicamente pela pesca.
"O país precisa superar a falta de informações públicas sobre a atividade pesqueira para garantir a sustentabilidade ambiental, econômica e social da pesca", enfatizou Zamboni. "A prática de prestar contas à sociedade sobre o que é pescado, onde e como ocorrem essas capturas é fundamental para se realizar uma gestão pesqueira eficiente e com base científica", detalhou.
Poluição por plástico
De acordo com a ONU Meio Ambiente, oito milhões de toneladas de plástico entram no oceano todos os anos - o equivalente a um caminhão de lixo cheio sendo jogado a cada minuto, ameaçando os ecossistemas marinhos.
"Os danos aos ecossistemas causados pela poluição por plástico são terríveis. Milhares de indivíduos e organismos marinhos foram observados sofrendo de emaranhamento ou ingestão de plástico. Tudo está sendo impactado, desde zooplâncton e peixe, às tartarugas marinhas, mamíferos e aves marinhos", afirmou a cientista marinha da Oceana, Lara Iwanicki.
"É fundamental que exista uma política pública de redução da produção de plásticos, que as empresas ofereçam produtos sem plástico para seus consumidores e que existam áreas livres de plástico no país", defendeu Zamboni.
A Oceana é a maior organização não governamental, sem fins lucrativos, exclusivamente dedicada à proteção e recuperação dos oceanos em escala global. Trabalha para a implementação de políticas públicas destinadas à proteção dos ecossistemas marinhos. Para isso, defende que as decisões sejam baseadas em informações cientificas e com participação social.