A novela da Rede Globo que conquistou o Brasil em 2009 foi contemplada com o maior prêmio da televisão mundial. Caminho das Índias é a vencedora do Emmy Internacional 2009, na categoria melhor telenovela. O resultado foi anunciado na noite desta segunda, dia 23, em cerimônia realizada em Nova York, no Hotel Hilton.
Emocionada, a autora da novela, Gloria Perez, disse que o prêmio coroou um ano de muito trabalho:
- Depois de um ano como esse é muito emocionante lembrar de tudo o que passamos para chegar até aqui. Estou muito emocionada e sem palavras. Obrigada.
Juliana Paes, atriz principal da novela, não coube em si de tanta felicidade:
- Estou sem ar e feliz da vida. Sinto-me muito prestigiada por fazer parte desse sucesso - vibrou Juliana Paes, que foi uma das apresentadoras da noite em que Caminho das Índias brilhou.
O diretor Marcos Schechtman também comemorou o prêmio:
- É uma tremenda emoção. Foram dois anos de trabalho, uma equipe maravilhosa, um grande elenco e a parceria emocionante com a Gloria. Não tenho nem palavras para agradecer e em inglês foi difícil . Faltaram palavras. Obrigado ao publico que nos acompanhou.
Escrita por Gloria Perez e com direção geral de Marcos Schechtman, a novela teve sua trama principal ambientada na Índia e cativou o público ao mostrar as diferenças entre a nossa cultura e os costumes e as tradições daquele exótico país.
Tendo como pano de fundo o triângulo amoroso formado por Maya (Juliana Paes), Raj (Rodrigo Lombardi) e Bahuan (Márcio Garcia), a trama mostrou como funcionam os casamentos arranjados na Índia e abordou o preconceito contra os dalits, o povo excluído do sistema de castas hindu.
Maya, que pertencia a uma tradicional família da casta dos comerciantes, se apaixonou pelo dalit Bahuan.
Os dois se separaram quando Bahuan, movido pela ambição, decidiu ir morar nos EUA sem levar Maya, já que tinha medo de não poder sustentá-la
Pouco depois da partida de Bahuan, Maya descobriu que estava grávida e, pressionada pelos pais, acabou se casando com Raj, que também aceitou a união por imposição da família, já que era apaixonado pela brasileira Duda.
Apesar do casamento arranjado, Maya e Raj acabaram se apaixonando e vivendo felizes com o bebê, que todos acreditavam ser filho de Raj.
Dois segredos, porém, ameaçaram o amor do casal durante toda a trama: o medo que Maya sentia de que todos soubessem que o pai do seu filho era um dalit e o fato de Duda, a namorada brasileira de Raj, ter tido um filho do indiano.
O drama da esquizofrenia foi um dos temas da novela
O núcleo ocidental da novela, ambientado no Rio de Janeiro, pôs em debate temas como a psicopatia, representada pela personagem Yvone (Letícia Sabatela), e a esquizofrenia, através do drama vivido pelo jovem Tarso, interpretado por Bruno Gagliasso.
Outras tramas marcantes desse núcleo foram o golpe do personagem Raul (Alexandre Borges) - que simulou a própria morte para fugir com a amante Yvone - e a delinquencia juvenil acobertada pelos pais - retratada pelo núcleo composto por Zeca (Duda Nagle), Ilana (Ana Beatriz Nogueira) e César (Antônio Calloni).
O humor também temperou a trama com as cenas hilárias protagonizadas pelo controverso casal Norminha (Dira Paes) e Abel (Anderson Muller) e pela fútil Melissa (Christiane Torloni), que vivia às voltas com seus tratamentos de beleza.
O amor rompeu as barreiras do preconceito
O final da trama emocionou o público ao mostrar Maya e seu filho dalit sendo aceitos pela tradicional família de Raj. Mesmo sabendo a verdade, Opash Ananda (Tony Ramos) pôs de lado as rígidas tradições impostas por sua casta em nome do amor que sentia pelo menino que criara como neto.
A reconciliação de Maya e Raj - que havia abandonado a esposa depois de saber que Bahuan era o verdadeiro pai do seu filho - também entrou para a história como uma das cenas mais emocionantes da teledramaturgia.
Para Gloria Perez fazer sucesso no exterior já é rotina. Em Cannes, Rede Globo e Telemundo lançaram a novela El Clon, versão de O Clone, que tem autoria de Gloria.
Na categoria infantil, o vencedor do Emmy Internacional 2009 foi Dustbin Baby; The Mona Lisa Curse levou na categoria arte; Hoshi Shinichi?s Short Shorts por comédia e a alemã The Wolves of Berlin por minissérie, o último prêmio da noite.