Está perto o dia em que Luciana terá alta do hospital. Ela já não aguenta mais aquele lugar e aquela rotina. Está louca pra sair, ir pra casa, rever suas coisas. Mas quando descobre que terá de usar cadeira de rodas sua reação é de total desânimo.
Miguel e Larissa percebem e tentam convencê-la do contrário. Dizem que a cadeira não é símbolo de
limitação e invalidez, pelo contrário, é garantia de autonomia pra sua vida. Só que essa tentativa, esse papo lhe parece uma embromação, um blábláblá sem fim cuja única finalidade é enganá-la.
De repente, tudo lhe parece demorado demais, o tratamento, o tempo no hospital, a recuperação que nunca vem, nunca é completa. De repente, a confiança que tem de que vai ficar boa desaparece e, aos gritos, ela explode: ?Não vou de cadeira de rodas! Não adianta, não vou!
Os pais aparecem e são fundamentais para acalmá-la nesse momento de crise. Dizem que a cadeira de rodas é usada por muitas razões e dão exemplos. Até Marcos teria usado quando operou uma hérnia de disco. A diferença é que, no caso dele, a cadeira foi uma necessidade passageira.
Já em relação à Luciana, é por tempo indefinido ? quem sabe, para o resto da vida. Mas ela chega à conclusão de que não há outro jeito senão se conformar: ?Tenho de ir me acostumando a uma vida permanente nesse estado?.