Um mês após o terremoto de 12 de janeiro que devastou o Haiti, os brasileiros que testemunharam a tragédia não conseguem esquecê-la. O professor Omar Thomaz, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp, afirma que não para de pensar nenhum minuto no assunto:
- Minha vida ainda não voltou ao normal.
Thomaz, que há mais de dez anos coordena projetos relacionados ao país, estava em Porto Príncipe para uma temporada de dois meses, que teve de ser interrompida devido à catástrofe que matou mais de 270 mil haitianos, segundo o governo local. Ele deveria ter voltado ao Brasil em 28 de fevereiro, mas acabou retornando em 19 de janeiro.
No Brasil, Thomaz imediatamente passou a se dedicar à procura de haitianos para informar que seus parentes estavam bem. Com o trabalho, ele conseguiu localizar e avisar oito pessoas:
- Eu sei que é pouco, mas é algo, principalmente na situação em que o país se encontra. É um trabalho de formiguinha e quando você está fora é mais fácil, porque lá as informações ainda são muito fragmentadas.
Thomaz também diz que a imagem que mais frequentemente vem à sua cabeça quando pensa ou fala sobre o terremoto é a da fé que as pessoas mostraram nos momentos que se seguiram ao abalo. Ele se lembra da mobilização das pessoas para buscar feridos nos escombros e ajudar os que sobreviveram. Sobre o que espera para o país, o professor é enfático:
- Tomara que a ajuda internacional continue, porque tem um foco que é imediatista. O Haiti começou já a sumir do noticiário, e a tendência é que apareça cada vez menos.