Para celebrar os 40 anos de carreira de Alceu Valença, em 2010, houve a estreia de ‘Valencianas’, primeira edição do espetáculo, fruto do encontro com o diretor de cena, Paulo Rogério Lage, que há tempos planejava proporcionar contornos orquestrais à sua obra, juntamente com o maestro da Orquestra Ouro Preto e o homenageado.
Depois de uma bem-sucedida parceria entre eles que rodou o Brasil inteiro e Portugal, o trio dá continuidade ao projeto com um novo espetáculo entre as ladeiras de Olinda (PE) e Ouro Preto (MG): o concerto Valencianas II.
O espetáculo chega com o desafio de trazer novas músicas, novos arranjos e vai abranger ainda mais sucessos de Alceu. O lançamento ocorreu no dia 27 de outubro, na terra do cantor pernambucano, Recife. Na sequência, Valencianas II será apresentado no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, no dia 17 de novembro, também com entrada franca. E a capital mineira recebe o espetáculo no dia 15 de dezembro no Grande Teatro do Sesc Palladium.
Após as apresentações no Brasil, os músicos desembarcam em janeiro de 2020 em Portugal para dois shows. O primeiro concerto será em Porto, dia 20 de janeiro. Em seguida, dia 21, será a vez de Lisboa.
A Orquestra de Ouro Preto é regida pelo maestro Rodrigo Toffolo, que conversou com o Jornal Meio Norte sobre esse desafio musical na sua vida.
Jornal Meio Norte: Depois da primeira etapa, que foi em 2010, dá esse segundo passo, quase 9 anos depois, traz à tona a mesma emoção vivida anos atrás?
Rodrigo Toffolo: Confesso a você que a emoção é ainda maior. Até porque a cobrança, agora, também é maior. Antes era um risco. Quase nenhuma orquestra brasileira, ou nenhuma, se arriscava a juntar o popular ao erudito. Desbravamos essa fronteira e passamos sete anos colhendo os louros dessa aposta de sucesso (sete anos porque o primeiro de concerto Valencianas foi em 2012). Então, sim! Valencianas II traz à tona a mesma emoção vivida anos atrás com doses ainda maiores de desafios e vontade de estar à altura desse grande ídolo que é Alceu.
JMN: Por que se esperou todo esse tempo para dar esse segundo passo, já que foi um sucesso tão grande no primeiro projeto das Valencianas?
RT: Exatamente porque é um sucesso muito grande. Vivenciamos sete anos de teatros e praças lotadas. Além disso, a obra de Alceu é eterna, é perene. As pessoas nunca se cansam de La Belle de Jour ou Tropicana. O que queremos com Valencianas II é simplesmente dar continuidade a essa homenagem. Aliás, o sentimento é maior, é de justiça para com tantas músicas brilhantes que ficaram de fora da primeira edição. Sendo assim, não acho que esperamos muito ou demoramos a lançar Valencianas II. Curtimos muito cada apresentação do primeiro espetáculo que, também, não deixará de ser executado. Vamos levar os dois pela vida, rendendo todas as reverências à obra de Alceu.
JMN: O que diferencia a primeira desta segunda?
RT: A segunda edição é composta de sucessos, escolhidos a dedo por Alceu, que não fizeram parte da primeira homenagem. Como pretendemos seguir o mesmo caminho, temos por trás o mesmo arranjador, Matheus Freire, a mesma produção executiva da Palco Marketing Cultural, do amigo e cenógrafo, Paulo Rogério Lage, e uma orquestra com a mesma paixão e vontade surpreender de sete anos atrás. Temos também um Alceu cada vez mais inquieto, com a disposição de um menino, doido para cruzar esse Brasil com o novo repertório.
JMN: Vcs pensam em levar para outros lugares do Brasil?
RT: Claro! Começamos por Recife, São Paulo e BH em 2019. Já em janeiro de 2020, atravessamos o Atlântico para duas apresentações em Portugal, onde também gravaremos o CD e o DVD do concerto. Em seguida, esperamos levar o espetáculo para o resto do Brasil.
JMN: E desenvolver esse projeto com o trabalho de Alceu Valença foi o seu maior desafio como maestro?
RT: São vários os desafios. Todos eles extremamente prazerosos. Captar a energia de Alceu, fazer uma homenagem à altura da história que ele construiu e, além disso, mostrar ao público que a música de concerto tem o seu lugar, são nossas missões. Desejamos democratizar o acesso à música. Fazer com que as mesmas pessoas que nos conhecem pela parceria com Alceu fiquem encantadas e voltem às salas de concerto para assistir outras obras. (Por Liliane Pedrosa)