A exposição “Da Santa Ceia e Outros Avulsos”, com trabalhos de Fernando Costa, será aberta nesta sexta, 25, e segue até o dia 11 de dezembro, na Galeria do Mercado Velho, espaço que vem se estabelecendo como lugar de arte, que atrai pessoas de todos os bairros e classes. Ao longo de 1 ano e meio, o espaço já recebeu trabalhos de Fátima Campos, Braga Tepi, Nonato Oliveira e muitos artistas jovens. A cada 45 dias, é aberta uma nova exposição.
Como partiu cedo, o artista não teve tempo para enveredar no meio artístico e amadurecer sua linha de trabalho de forma mais clara. Seus trabalhos iniciais, dos anos 70 e início dos 80, trazem ainda um artista que copia mestres, como o autorretrato a óleo, com traços de modernismo. Contudo, desde esta fase inicial, já demonstra capacidade de extrapolar a mera referência, como pode-se ver na obra Santa Ceia, de 1979.
Segundo o curador da exposição, Guga Carvalho, entre os anos de 1984 e 1987, a produção de Fernando ganhou um traço mais elegante, o figurativo e o abstrato caminham lado a lado e até se estimulam, e nesta dialética obtém a força dos trabalhos a óleo, como na série de vinte e uma pequenas pinturas. “Nelas, a plasticidade é construída, muitas vezes, na relação figura - quase figura - abstração, como se no momento de pintar a ideia se modificasse, e o resultado não é obra de um desígnio (desenho) anterior, ou se era, tal intento foi traído”.
Além desta série a óleo, o público de Teresina tem acesso, agora, pela primeira vez, a trabalhos em papel, seja usando aquarela, pastel, cera, carvão, nanquim ou gravura em metal. Neles a elegância é visível e se distancia do peso dos trabalhos dos primeiros anos.
Seguindo o curador, Fernando estava ganhando leveza, elegância, suavidade e fluidez. O retrato em nanquim é exemplar nesse amadurecimento. “Uma mancha preta, uma poderosa máscara, se distanciando, por outros caminhos, do auto retrato a óleo dos primeiros anos. A comparação é bem vinda. O artista estava mais maduro”.
Para esta exposição não foram selecionados seus desenhos de inspiração surrealistas e temática apocalíptica. A sua passagem trágica, aos 26 anos de idade, leva, segundo Guga, à interpretação de sua obra pela chave psicológica, terminando por construir a imagem do artista em estado de perturbação emocional, que não deixa de ser em parte verdadeiro, mas em parte incapaz de dar conta de toda a complexidade de sua produção e dos inúmeros caminhos que esta aponta. O que se pretende nesta exposição é evidenciar que a obra de Fernando é muito maior que essa análise psicológica. As pessoas interessadas em conferir de perto um pouco da obra de Fernando Costa, a Galeria de Artes do Mercado Velho fica aberta de segunda a sexta, das 9h às 17h. E no sábado, das 9h às 14h.
No sábado, dia 7 de dezembro, já no final da mostra, haverá o lançamento do catálogo com os trabalhos expostos do artista homenageado. E na abertura, dia 26 de outubro, haverá o tradicional café com bolo frito para os visitantes. A iniciativa conta com o apoio da Fundação Cultural Monsenhor Chaves e da Secretaria Estadual de Cultura (Secult).