A Fundação Nacional de Artes – Funarte lançou a coletânea de contos Carta ao Sol, da atriz, escritora e dramaturga Susana Fuentes. As 36 histórias do livro expressam as experiências e impressões da autora, vividas em meio ao fazer teatral. O prefácio é de Nélida Piñon.
Na obra, Fuentes traduz em palavras as sutilezas presentes no teatro: gestos, nuances de vozes, movimentos dos ambientes em que se passam a narrativas; e até o simples silêncio.
A premiada escritora Claudia Lage tece comentários a respeito do livro: “O que há por trás de uma paisagem, de um gesto, de um olhar, de uma pessoa? Nestes contos breves e inspirados, Susana Fuentes descortina o nosso cotidiano com o olhar inquieto e lírico […] é dos detalhes, como a ponta de um iceberg, que emerge a visão de uma totalidade, uma existência inteira”. Lage considera que a autora estabelece uma linguagem em movimento constante: “Ora mantém certa distância dos personagens, destacando a sua relação com o que está a sua volta, o cenário, as pessoas, a cidade (que pode ser Rio, Paris ou Berlim), como se os observasse em busca de uma fresta para se aproximar, ora se aproxima deles aceleradamente, como se levasse o leitor para um súbito mergulho.”. E conclui: "[...]os personagens vivem momentos de metamorfose, quando a vida, num instante, se torna outra coisa. Às vezes, não se trata de uma situação específica, a transformação pode ser também a de uma perspectiva ou de sentimentos.”.
Nélida Piñon, escritora e integrante da Academia Brasileira de Letras, com mais de 20 prêmios – 14 deles internacionais –, acrescenta: “Susana Fuentes é uma criadora que imerge na linguagem e no fervor narrativo com igual equilíbrio. Ao conjugar dois extremos que se necessitam, ela submete-se às exigências e às peculiaridades da arte de narrar, enquanto, por sua condição de atriz, adiciona à criação gestos, vozes, movimentos corpóreos, sons, todos provindos de matéria teatral. […] A intimidade com variados aspectos cênicos, aparentemente alheios à arte narrativa, provocou no texto um efeito encantatório, inesperado.”.
Susana Fuentes escreveu o romance Luzia – finalista do Prêmio São Paulo de Literatura – e o livro de contos Escola de gigantes, da seleção Biblioteca do Professor do programa Rio, uma cidade de leitores, da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro. É autora da peça teatral Prelúdios, em quatro caixas de lembranças e uma canção de amor desfeito, um solo, onde também atua – trabalho selecionado para o The New York International Fringe Festival (EUA). Participou com seus contos de diferentes antologias e teve seus textos traduzidos para o inglês e o espanhol, em revistas como Wasafiri – International Contemporary Writing e Machado de Assis Magazine. Formou-se em Letras pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), onde fez mestrado em Literatura Brasileira e doutorado em Literatura Comparada.
Carta ao Sol é o segundo de quatro livros que a Fundação Nacional de Artes preparou para 2020. Eles continuam a tradição da Funarte de difundir os itinerários de nomes consagrados da atividade artística, além de obras técnicas na área, por meio da Gerência de Edições do Centro de Programas Integrados da entidade. Foi lançado em setembro Marina Miranda - Além da “Crioula Difícil” de Clóvis Corrêa. As duas outras publicações, programadas para sair até o fim do ano, são: O Mundo do Som, um manual para piano, de Cláudio Soares, e Gesto Flamenco, de Danielle Zill, um estudo sobre esse estilo de música e dança.