Nos dias 20 e 21 de setembro ocorre o Festival das Sanfonas no município de Dom Inocêncio, que fica ao Sul do Estado. O evento, que é realizado pela primeira vez, carrega toda uma expectativa para sua realização, especialmente, porque faz nesta edição uma homenagem ao sanfoneiro Gilberto Dias, que viveu na região e faleceu há alguns anos, sendo sempre lembrado por seu talento. E além de reunir um grande número de artistas nordestinos.
Já na primeira noite será inaugurado o monumento com uma sanfona que tem em torno de 5 metros de altura.
Escultura feita em cimento pelo artista João Dias e que irá compor espaço a céu aberto, ponto de encontro e apresentações que só vêm a incentivar cada vez mais os músicos da região. Foram dois meses de confecção até chegar ao resultado final.
A iniciativa da escultura é do artista Sandrinho do Acordeon e do seu pai, também sanfoneiro, Salvador Nunes. Ele é um dos responsáveis pelo incentivo à prática musical na cidade. Cada vez mais crianças e adolescentes tocam o instrumento, mantendo a tradição no município, que tem fama de possuir um grande número de tocadores.
O festival, totalmente gratuito, irá reunir artistas do Piauí, Pernambuco, Bahia, Ceará e Alagoas. “O objetivo é fortalecer a cultura local, dando continuidade na tradição da sanfona na cidade, fazendo jus ao título de Terra dos Sanfoneiros”, diz Sandrinho.
Ele, junto com o pai e um grupo de músicos, busca manter viva a prática entre crianças e jovens através de uma iniciativa simples. E assim, vem construindo um público que se acostumou a ver por suas ruas a musicalidade através de sanfonas, além de outros instrumentos. “Temos um projeto social Acordes do Campestre, escola de música e projeto social e educacional. Dom Inocêncio é considerada a terra do sanfoneiro e a ideia é deixar uma marca, fazer com que a cidade entre no calendário nacional de grandes eventos. “Para isso, resolvemos fazer a maior sanfona do mundo e estamos buscando levar para o Guinness Book”, diz Sandrinho.
Em 2000, pensando em incentivar as crianças a tocar algum instrumento, foi criado o projeto que só tem enchido de orgulho seus idealizadores. “Em 2004, comecei a tocar sanfona e eu fui estudar música no Pró-Arte, projeto desenvolvido pela Niède Guidon, da Fundação Museu do Homem Americano (Fumdham). Anos depois, fundamos o Acordes do Campestre, incentivando as crianças a tocar. Com esse trabalho, chegamos à mídia nacional e no programa do Luciano Huck. Ganhamos carro, mais de quarenta instrumentos e criamos extensões lá na Serra da Capivara. Acredito que tenham passado mais de mil pessoas por nosso projeto”.
E foi com o que aprendeu no Pró-Arte Fumdham, com ações socioeducativas para crianças e adolescentes, tendo como eixo norteador a educação ambiental, que foi plantada uma semente. E o que Sandrinho aprendeu, hoje, ajuda a levar para outros meninos e meninas que sonham com a música. Hoje, o Acordes do Campestre leva aulas de sanfona, zabumba, triângulo, violão, flauta doce, teoria musical, ajudando a transformar a realidade de jovens moradores de Dom Inocêncio. A sanfona, em forma de escultura, sob o sol forte da região, é um símbolo de resistência, fortalecendo ainda mais a certeza de que, onde a música toca, se mantém viva a arte. (Por Liliane Pedrosa)